Existem em António Gramsci muitos materiais, em meu entender excelentes, para podermos fazer um dia a história dos nossos partidos políticos. Por exemplo, escreveu que a existência de um partido político depende da confluência de três grupos de elementos:
1. "Um elemento difuso, de homens comuns, médios, que oferecem como participação a sua disciplina e a sua fidelidade, mas não o espírito de criação e de alta responsabilidade. Sem eles o partido não existiria, mas também é verdade que o partido não existiria "unicamente" com eles."
2. "O elemento coesivo principal, que centraliza a nível nacional, que faz tornar eficiente e potente um conjunto de forças que, entregues a si, não contariam nada, ou contariam pouco, é um elemento dotado de força altamente coesiva, centralizadora e disciplinadora (...): é também verdade que, sozinho, este elemento não formaria o partido. No entanto, formá-lo-ia mais do que o primeiro elemento considerado."
3. "Um elemento médio, que articula o primeiro com o segundo elemento, que os põe em contacto, não só "físico", mas moral e intelectual."
Finalmente, escrevendo sobre os partidos de massas e sobre estas: "(....) massas que, como massas, não têm outra função política senão a de uma fidelidade genérica, de tipo militar, a um centro político visível ou invisível (...). A massa é simplesmente uma massa de "manobra" e é ocupada com prédicas morais, com tiradas sentimentais, com mitos messiânicos de espera de idades fabulosas, em que todas as presentes contradições e misérias serão automaticamente resolvidas e sanadas." [Gramsci, António, Obras escolhidas. Lisboa: Editorial Estampa, 1974, vol. I, pp. 286-287, 290-291].
Sem comentários:
Enviar um comentário
Seja bem-vinda (o) ao blogue "Diário de um sociólogo"! Por favor, sugira outras maneiras de analisar os fenómenos, corrija, dê pistas, indique portais, fontes, autores, etc. Não ofenda, não insulte, não ameace, não seja obsceno, não seja grosseiro, não seja arrogante, abdique dos ataques pessoais, de atentados ao bom nome, do diz-que-diz, de acusações não provadas e de generalizações abusivas, evite a propaganda, a frivolidade e a linguagem panfletária, não se desdobre em pseudónimos, no anonimato protector e provocador, não se apoie nos "perfis indisponíveis", nas perguntas mal-intencionadas, procure absolutamente identificar-se. Recuse o "ouvi dizer que..." ou "consta-me que..."Não serão tolerados comentários do tipo "A roubou o município", "B é corrupto", "O partido A está cheio de malandros", "Esta gente só sabe roubar". Serão rejeitados comentários e textos racistas, sexistas, xenófobos, etnicistas, homófobos e de intolerância religiosa. Será absolutamente recusado todo o tipo de apelos à violência. Quem quiser respostas a comentários ou quem quiser um esclarecimento, deve identificar-se plenamente, caso contrário não responderei nem esclarecerei. Fixe as regras do jogo: se você é livre de escrever o que quiser e quando quiser, eu sou livre de recusar a publicação; e se o comentário for publicado, não significa que estou de acordo com ele. Se estiver insatisfeito, boa ideia é você criar o seu blogue. Democraticamente: muito obrigado pela compreensão.