Outros elos pessoais

17 março 2015

Assassinato de Gilles Cistac: hipóteses sobre contexto, causalidade e consequências (12)

"O facto científico é conquistado, construído e verificado" [Gaston Bachelard]
Décimo segundo número da série. Permaneço no terceiro ponto do sumário proposto aqui, a saber: 3. Consequências, terminando o subponto 3.2. Produção criminógena de medo. Referi no número anterior a pequena temporalidade, aquela que mais aguda e rapidamente reacende a memória dorida das pessoas, aquela que parte do assassinato do jornalista Carlos Cardoso em 2000 e passa por Siba-Siba Macuácua, economista assassinado em 2001. Na verdade, esses dois assassinatos, ainda que não únicos, marcaram e marcam fortemente a produção criminógena de medo no país e as percepções populares sobre riscos pessoais. Quem os matou não queria provavelmente apenas matá-los: queria, também, matar todo o exercício posterior de dignidade profissional, de dignidade opinativa, de independência decisional. Hoje, com o assassinato de Gilles Cistac, parece existir a convicção generalizada de que certos poderes estabeleceram limites definitivos a certos tipos de pensamento questionador e interventor. Mas permitam-me avançar no sumário, pois é agora chegada a altura de entrar em mais um subponto, a saber: 3. Risco de descredibilização do Estado. Este é mais um ponto vital em toda esta odisseia marcada pelo assassinato do Professor Cistac. Se não se importam, prossigo mais tarde.

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