Outros elos pessoais

04 fevereiro 2015

Renamo: desobediência civil como estratégia política (6)

Sexto número da série. Permaneço no ponto 3 do sumário proposto aqui, a saber: 3. Níveis de operacionalização, agora no subponto 3.2. Cesarismo. Os partidos políticos da oposição são, em princípio, mais propensos ao cesarismo. Por quê? Por que isso está na sua natureza? Não, porque, por hipótese, não estão a gerir o Estado. Um partido que controle o Estado tem, em princípio, mais possibilidade de distribuir, descentralizar e disfarçar o cesarismo central por múltiplas pequenas unidades na cadeia de comando, (1) amortecendo os protestos e os choques através da distribuição e rotação de recursos de poder e prestígio e/ou (2) punindo diferenciadamente os protestos através da rede de aparelhos de segurança. A hipótese aqui proposta deve ainda tomar em conta a eventual experiência militar na vida dos partidos. No caso vertente, concernente à desobediência civil, o cesarismo de Afonso Dhlakama, presidente da Renamo, impera de forma absoluta e mediática. Se não se importam, prossigo mais tarde.
Adenda às 07:04: eis uma das facetas cesaristas de Dhlakama: "O líder do partido Renamo deixa claro que “não há guerra” mas não vai tolerar provocações. “Quero deixar claro aos comunistas da Frelimo se tentarem provocar a Renamo, tentarem disparar para a Renamo, juro pela alma da minha mãe que a resposta não será aqui no norte (...) agora é aquecer lá, nos prédios lá, lá em Maputo onde estão os chefes”. Aqui.
Adenda 2 às 11:35: segundo o "Verdade/Facebook", Dhlakama autoproclamou-se herói. Aqui.

2 comentários:

  1. Todas as revoluções são inconformismo em relação a um status quo. Geralmente um inconformismo civil.
    Podendo não ser pelos carris de Dlakhama , o comboio da desobediência civil está em formação na sociedade moçambicana.
    PS A relatividade do conceito de herói faz com todos possamos sê-lo em alguma coisa.
    Afinal deve ser o nosso mais íntimo desejo de sermos monarcas que no

    ResponderEliminar
  2. Dhlakama autoproclamou-se herói.

    Congratulations, Mozambique.

    ResponderEliminar

Seja bem-vinda (o) ao blogue "Diário de um sociólogo"! Por favor, sugira outras maneiras de analisar os fenómenos, corrija, dê pistas, indique portais, fontes, autores, etc. Não ofenda, não insulte, não ameace, não seja obsceno, não seja grosseiro, não seja arrogante, abdique dos ataques pessoais, de atentados ao bom nome, do diz-que-diz, de acusações não provadas e de generalizações abusivas, evite a propaganda, a frivolidade e a linguagem panfletária, não se desdobre em pseudónimos, no anonimato protector e provocador, não se apoie nos "perfis indisponíveis", nas perguntas mal-intencionadas, procure absolutamente identificar-se. Recuse o "ouvi dizer que..." ou "consta-me que..."Não serão tolerados comentários do tipo "A roubou o município", "B é corrupto", "O partido A está cheio de malandros", "Esta gente só sabe roubar". Serão rejeitados comentários e textos racistas, sexistas, xenófobos, etnicistas, homófobos e de intolerância religiosa. Será absolutamente recusado todo o tipo de apelos à violência. Quem quiser respostas a comentários ou quem quiser um esclarecimento, deve identificar-se plenamente, caso contrário não responderei nem esclarecerei. Fixe as regras do jogo: se você é livre de escrever o que quiser e quando quiser, eu sou livre de recusar a publicação; e se o comentário for publicado, não significa que estou de acordo com ele. Se estiver insatisfeito, boa ideia é você criar o seu blogue. Democraticamente: muito obrigado pela compreensão.