Outros elos pessoais

17 fevereiro 2015

Renamo: desobediência civil como estratégia política (12)

Décimo segundo número da série. Termino o ponto 4 do sumário proposto aqui, a saber: 4. Povo-escudo dos comícios. A ameaça sistemática de jaquerie, referida no trabalho anterior, toma o povo dos comícios como eixo, como veículo, como aval, como escudo. É suposto que basta uma ordem do presidente da Renamo para o povo multiplicar-se em protestos e, dessa forma - ameaçou Afonso Dhlakama -, "aquecer lá, nos prédios lá, lá em Maputo onde estão os chefes".  A ideia que se procura transmitir é a de que o partido Renamo é um mero porta-voz do povo, é o seu altifalante. Se não se importam, prossigo mais tarde.
Adenda 1: Do cesarismo de Dhlakama: "O líder do partido Renamo deixa claro que “não há guerra” mas não vai tolerar provocações. “Quero deixar claro aos comunistas da Frelimo se tentarem provocar a Renamo, tentarem disparar para a Renamo, juro pela alma da minha mãe que a resposta não será aqui no norte (...) agora é aquecer lá, nos prédios lá, lá em Maputo onde estão os chefes”. Aqui.
Adenda 2: segundo o "Verdade/Facebook", Dhlakama autoproclamou-se herói. Aqui.
Adenda 3: um muito recente texto do historiador Michel Cahen, em francês, aqui.
Adenda 4: de uma crónica de Sérgio Vieira: "A ideia da divisão e fragmentação da nossa terra iniciou-se com Banda. Em Julho de 1964, na Cimeira do Cairo, ele propôs a Nyerere e a Nasser a entrega da zona centro de Moçambique a Malawi, garantindo então a reconstrução do Império Marave e o acesso ao mar. Ambos chefes de Estado, polidamente, o mandaram passear. Nkavandame e Simango com Gwenjere retomam a ideia em 1968, rechaçada pelo II Congresso. Jorge Jardim volta com a ideia da divisão do nosso país em 1973. Cristina, fundadora da Renamo com o apoio da Rodésia e do “apartheid”, tentaram fazer vingar a velha ideia. Falharam." Aqui.

3 comentários:

  1. M. Cahen escreveu: "le nouveau président Filipe Jacinte Nyusi, un Maconde (extrême-Nord), ancien ministre de la Défense (celui qui n’a pas réussi à vaincre la Renamo par les armes en 2013-2014)"

    Se FJ Nyusi nao conseguiu vencer a Renamo em 2013-2014, porque é que a Frelimo o escolheu para candidato à presidência ?

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  2. M. Cahen certamente se refere à derrota do Governo na Batalha de Satungira. Derrota no sentido e na medida em que o objectivo fundamental não foi alcançado sob a liderança ministerial do actual Presidente ( ou era outro o objectivo?). Mas uma batalha não faz a guerra e pode ser que esteja a ser oferecida outra oportunidade ao antigo ministro de Defesa, hoje investido de poderes de Comandante-Chefe.
    Quem sabe?
    PS: Há dias li que o PR se filiou na Frelimo em 1973, ie, Frente de Libertação de Moçambique. Em que capacidade? guerrilheira?? Não, nós não usamos crianças de 14 anos de idade para a fazer a guerra.

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  3. A adenda 4, de uma cronica do pai Sérgio é muito, muito pertinente.
    Fiquei surpreendido com o nome da republica do pai Afonso.
    Para homenagear a memoria de um dos seus antigos mentores, Jorge Jardim (o Cecil Rhodes luso), ele bem poderia ter escolhido algo mais original, por exemplo, Jardistan (em portugues, Jardistão).

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