Terceiro número da série. Prossigo com as hipóteses. Tal como em outros tempos se procurava explicar os efeitos do vinho pelo espírito-do-vinho, o fogo pelo flogisto e os efeitos do ópio pelas suas virtudes dormitivas, também no caso dos países africanos se procura explicar o comportamento político pelo "espírito étnico". Veja-se, por exemplo, o caso das eleições moçambicanas. De cinco em cinco anos procura-se que o espírito etno-regional explique os resultados eleitorais. Pega-se nas cartas étnicas coloniais, sobrepõem-se-lhes em papel vegetal os resultados eleitorais, adicionam-se-lhes meia dúzia de "reflexões teóricas" e de "trabalho de campo" e pronto, o prato étnico está pronto a servir. Lá onde os resultados não encaixam, faz-se literalmente apelo aos acidentes de percurso. Entretanto, temos um novo presidente. E o espírito étnico já está no ar. Assim, um analista terá dito o seguinte sobre Filipe Nyusi: "[...] Nyusi representa também interesses dos makondes, da etnia dele, dos antigos combatentes, que têm também agendas próprias e interesses muito próprios que em condições normais não são compatíveis com os interesses de Guebuza." Aqui. Se não se importam, prossigo mais tarde.
Sonhadores, os sociólogos sempre procuraram duas coisas: as leis do social e a reforma das sociedades. Cá por mim busco bem pouco: tirar a casca dos fenómenos e tentar perceber a alma dos gomos sociais sem esquecer que o mais difícil é compreender a casca. Aqui encontrareis um pouco de tudo: sociologia (em especial uma sociologia de intervenção rápida), filosofia, dia-a-dia, profundidade, superficialidade, ironia, poesia, fragilidade, força, mito, desnudamento de mitos, emoção e razão.
Outros elos pessoais
05 fevereiro 2015
Política e Capital não têm "tribo" (3)
Terceiro número da série. Prossigo com as hipóteses. Tal como em outros tempos se procurava explicar os efeitos do vinho pelo espírito-do-vinho, o fogo pelo flogisto e os efeitos do ópio pelas suas virtudes dormitivas, também no caso dos países africanos se procura explicar o comportamento político pelo "espírito étnico". Veja-se, por exemplo, o caso das eleições moçambicanas. De cinco em cinco anos procura-se que o espírito etno-regional explique os resultados eleitorais. Pega-se nas cartas étnicas coloniais, sobrepõem-se-lhes em papel vegetal os resultados eleitorais, adicionam-se-lhes meia dúzia de "reflexões teóricas" e de "trabalho de campo" e pronto, o prato étnico está pronto a servir. Lá onde os resultados não encaixam, faz-se literalmente apelo aos acidentes de percurso. Entretanto, temos um novo presidente. E o espírito étnico já está no ar. Assim, um analista terá dito o seguinte sobre Filipe Nyusi: "[...] Nyusi representa também interesses dos makondes, da etnia dele, dos antigos combatentes, que têm também agendas próprias e interesses muito próprios que em condições normais não são compatíveis com os interesses de Guebuza." Aqui. Se não se importam, prossigo mais tarde.
1 comentário:
Seja bem-vinda (o) ao blogue "Diário de um sociólogo"! Por favor, sugira outras maneiras de analisar os fenómenos, corrija, dê pistas, indique portais, fontes, autores, etc. Não ofenda, não insulte, não ameace, não seja obsceno, não seja grosseiro, não seja arrogante, abdique dos ataques pessoais, de atentados ao bom nome, do diz-que-diz, de acusações não provadas e de generalizações abusivas, evite a propaganda, a frivolidade e a linguagem panfletária, não se desdobre em pseudónimos, no anonimato protector e provocador, não se apoie nos "perfis indisponíveis", nas perguntas mal-intencionadas, procure absolutamente identificar-se. Recuse o "ouvi dizer que..." ou "consta-me que..."Não serão tolerados comentários do tipo "A roubou o município", "B é corrupto", "O partido A está cheio de malandros", "Esta gente só sabe roubar". Serão rejeitados comentários e textos racistas, sexistas, xenófobos, etnicistas, homófobos e de intolerância religiosa. Será absolutamente recusado todo o tipo de apelos à violência. Quem quiser respostas a comentários ou quem quiser um esclarecimento, deve identificar-se plenamente, caso contrário não responderei nem esclarecerei. Fixe as regras do jogo: se você é livre de escrever o que quiser e quando quiser, eu sou livre de recusar a publicação; e se o comentário for publicado, não significa que estou de acordo com ele. Se estiver insatisfeito, boa ideia é você criar o seu blogue. Democraticamente: muito obrigado pela compreensão.
O que conduz à conclusão de que a UNIDADE NACIONAL é apenas uma união por justa-posiçao de várias etnias para benefício de uns poucos malabaristas e não um projecto de aglutinação dos Moçambicanos em torno de uma Pátria para todos.
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