Outros elos pessoais

18 janeiro 2015

Produção de heróis e mártires para a Renamo (6)

Sexto número da sériePor que tenta a polícia transformar António Muchanga em herói? - esta foi uma pergunta formulada pelo jornalista Paul Fauvet aqui. Essa pergunta é o pretexto para esta série. Prossigo com as hipóteses. Escrevi no número anterior sobre a construção do heroísmo. Passo agora à tese do messianismo. Pouco a pouco, foi construída a teoria de que Dhlakama é um Pai, um Redentor, um Messias que chegou para salvar os Moçambicanos e introduzir a felicidade nacional. Apenas com ele - argumenta-se - os Moçambicanos poderão viver definitivamente melhor. Escreveu-se, das mais variadas maneiras, que Dhlakama e a Renamo não fizeram a guerra, sofreram-na; que não são mentores da guerra, isso é da exclusiva responsabilidade da Frelimo; que não são agressores, mas vítimas. E sofreram a guerra porque - argumentam os produtores da tese messiânica - lutavam e lutam pelos direitos humanos, pelo bem-estar dos Moçambicanos contra os havidos comunistas da Frelimo que são especializados na fraude eleitoral. E, assim, com as teses do heroísmo e do messianismo, ficam distantes os sombrios tempos nos quais a Dhlakama e Renamo foram severamente analisados e classificados (por exemplo, aqui, aqui, aqui, aqui, aqui, aqui, aquiaqui e aqui). Aguardem a continuidade da série. (mapa abaixo reproduzido com a devida vénia daqui)
Adenda às 05:53: analise o conteúdo deste texto aqui. Lembre esta série em nove números aqui.

1 comentário:

  1. O cria a vaga de Pai entre os filhos ou a Vaga de Messias entre os povos são as arbitrariedades da ordem do dia.
    As prisões sem razão de pessoas que até colaboraram na luta de libertação, os fuzilamentos quase que caprichosos, a exclusão social de todo injustificada de uma parte dos Moçambicanos fazem com que haja vaga na figura de pai e a necessidade de um Salvador nasce de modo expontâneo. Dlhakhama apenas aparece com o perfil adequado a essa vaga porquanto o único que conseguiu contrariar as não poucas arbitrariedades com sucesso.As massas que o acolhem - apenas comparáveis aos comícios de Samora entre 1974 e 1977- são testemunho incontestável desse facto mesmo que nos desagrade. A maioria do povo moçambicano está à espera de um Moisés . Não para divagar no deserto a busca da terra prometida mas usufruir dos direitos que a sua terra lhes pode e deve conferir.

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