Moradias que fazem parte da história arquitectónica desta cidade foram destruídas ou estão a sê-lo, para dar lugar a prédios. Duas, geminadas, foram destruídas na Avenida Friedrich Engels; outra, na Rua de Chuinde, perpendicular à Engels. Um pouco por todo o Bairro da Polana (mas não só) os sinais do historicídio são cada vez mais visíveis. Consta-me (mas preciso absolutamente de acreditar que isso é boato) que também vai desaparecer o velho e nobre restaurante Piripiri, na Avenida 24 de Julho.
Comentário: Num dos seus livros, o ensaísta, crítico literário, tradutor, filósofo e sociólogo Walter Benjamin analisou um quadro de Paul Klee chamado "Angelus Novus". Segundo Walter, o anjo apenas via ruínas na estrada do progresso. Para ele, o progresso era uma tempestade. Talvez pudesse dizer que estamos perante um anjo pessimista que nada compreendia da modernidade em seu misto de paradoxo e contradição. Talvez eu seja uma pobre versão local do anjo passadista de Klee ao lamentar que uma parte importante das zonas verdes da cidade de Maputo esteja a desaparecer rapidamente, substituída por condomínios e moradias de luxo. Talvez, ainda, eu seja um conservador ultrapassado pela história do desenvolvimento ao verificar que o mangal da Costa do Sol está a ser trocado por condomínios de luxo. Talvez eu seja uma voz ultrapassada pela modernidade ao ver a morte diária da história arquitectónica desta cidade. Tudo o que é sólido se desfaz - escreveram Marx e Engels há mais de 150 anos. Se sofrer por ver verde, mangal e antigas moradias "desfazerem-se" é um acto de conservadorismo, então sou profundamente conservador. Absolutamente conservador por ver ruir o que era sólido e história na cidade de Maputo. Frágeis são as almas quando o dinheiro comanda a vida.
Comentário: Num dos seus livros, o ensaísta, crítico literário, tradutor, filósofo e sociólogo Walter Benjamin analisou um quadro de Paul Klee chamado "Angelus Novus". Segundo Walter, o anjo apenas via ruínas na estrada do progresso. Para ele, o progresso era uma tempestade. Talvez pudesse dizer que estamos perante um anjo pessimista que nada compreendia da modernidade em seu misto de paradoxo e contradição. Talvez eu seja uma pobre versão local do anjo passadista de Klee ao lamentar que uma parte importante das zonas verdes da cidade de Maputo esteja a desaparecer rapidamente, substituída por condomínios e moradias de luxo. Talvez, ainda, eu seja um conservador ultrapassado pela história do desenvolvimento ao verificar que o mangal da Costa do Sol está a ser trocado por condomínios de luxo. Talvez eu seja uma voz ultrapassada pela modernidade ao ver a morte diária da história arquitectónica desta cidade. Tudo o que é sólido se desfaz - escreveram Marx e Engels há mais de 150 anos. Se sofrer por ver verde, mangal e antigas moradias "desfazerem-se" é um acto de conservadorismo, então sou profundamente conservador. Absolutamente conservador por ver ruir o que era sólido e história na cidade de Maputo. Frágeis são as almas quando o dinheiro comanda a vida.
Sem comentários:
Enviar um comentário
Seja bem-vinda (o) ao blogue "Diário de um sociólogo"! Por favor, sugira outras maneiras de analisar os fenómenos, corrija, dê pistas, indique portais, fontes, autores, etc. Não ofenda, não insulte, não ameace, não seja obsceno, não seja grosseiro, não seja arrogante, abdique dos ataques pessoais, de atentados ao bom nome, do diz-que-diz, de acusações não provadas e de generalizações abusivas, evite a propaganda, a frivolidade e a linguagem panfletária, não se desdobre em pseudónimos, no anonimato protector e provocador, não se apoie nos "perfis indisponíveis", nas perguntas mal-intencionadas, procure absolutamente identificar-se. Recuse o "ouvi dizer que..." ou "consta-me que..."Não serão tolerados comentários do tipo "A roubou o município", "B é corrupto", "O partido A está cheio de malandros", "Esta gente só sabe roubar". Serão rejeitados comentários e textos racistas, sexistas, xenófobos, etnicistas, homófobos e de intolerância religiosa. Será absolutamente recusado todo o tipo de apelos à violência. Quem quiser respostas a comentários ou quem quiser um esclarecimento, deve identificar-se plenamente, caso contrário não responderei nem esclarecerei. Fixe as regras do jogo: se você é livre de escrever o que quiser e quando quiser, eu sou livre de recusar a publicação; e se o comentário for publicado, não significa que estou de acordo com ele. Se estiver insatisfeito, boa ideia é você criar o seu blogue. Democraticamente: muito obrigado pela compreensão.