A panela colectiva (de barro ou de ferro), o comer à mão acocorado e o diálogo colectivizado: eis três ingredientes da vida rural no nosso país. De uma certa vida rural, aquela mais distante das cidades, mais agarrada a um certo passado. Ingredientes socialmente naturais e naturalizados. A esse nível, comer é bem mais do que comer: é ponte, é ser solidário, é ser o outro, é fazer com que o outro também coma. Afinal, à mão a solidariedade tem melhor gosto, ainda que - a dialéctica da vida é sempre resistente ao tacto - certos bocados de certas partes da comida pertençam por direito àqueles que lideram grupos ou comunidades.
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