Outros elos pessoais

07 novembro 2014

Resultados eleitorais e teses preguiçosas (3)

Terceiro número da série. Entro no primeiro dos seis pontos sugeridos no número anterior, a saber: 1. Teoria do corvo, totalidade e indução abusiva. Em postagem anterior enunciei a regra da teoria do corvo, como segue:

1. Até aqui os corvos que contei na Inhaca são negros
2.[É muito natural que todos os corvos da Inhaca tenham a mesma cor]
3.Os corvos da Inhaca têm a mesma cor
4.Todos os corvos da Inhaca são negros

Neste tipo de indução, comum em muitas análises e generalizações, estamos perante um pensamento que, filiando a "prova" na confiança acordada à premissa hipotética (a priori) 2, estabelece, com pretensão apodítica, a conclusão 4.
É esse tipo de indução que irriga muitas das generalizações que efectuamos no dia a dia, na rua e nos jornais. É, sem dúvida, um dos mais interessantes campos da cognição humana. Formamos totalidades unitárias a partir de fragmentos conhecidos para darmos vida ao que não conhecemos, ao que não investigámos, sem nos interrogarmos sobre a possibilidade objectiva de o desconhecido ser diferente, desviante. Pessoas, países, partidos, grupos de futebol, igrejas, movimentos sociais, não importa o quê nem quem, são motivo para a formação permanente de totalidades unitárias por indução abusiva, a partir de a priori do género acima apresentado.

Sem comentários:

Enviar um comentário

Seja bem-vinda (o) ao blogue "Diário de um sociólogo"! Por favor, sugira outras maneiras de analisar os fenómenos, corrija, dê pistas, indique portais, fontes, autores, etc. Não ofenda, não insulte, não ameace, não seja obsceno, não seja grosseiro, não seja arrogante, abdique dos ataques pessoais, de atentados ao bom nome, do diz-que-diz, de acusações não provadas e de generalizações abusivas, evite a propaganda, a frivolidade e a linguagem panfletária, não se desdobre em pseudónimos, no anonimato protector e provocador, não se apoie nos "perfis indisponíveis", nas perguntas mal-intencionadas, procure absolutamente identificar-se. Recuse o "ouvi dizer que..." ou "consta-me que..."Não serão tolerados comentários do tipo "A roubou o município", "B é corrupto", "O partido A está cheio de malandros", "Esta gente só sabe roubar". Serão rejeitados comentários e textos racistas, sexistas, xenófobos, etnicistas, homófobos e de intolerância religiosa. Será absolutamente recusado todo o tipo de apelos à violência. Quem quiser respostas a comentários ou quem quiser um esclarecimento, deve identificar-se plenamente, caso contrário não responderei nem esclarecerei. Fixe as regras do jogo: se você é livre de escrever o que quiser e quando quiser, eu sou livre de recusar a publicação; e se o comentário for publicado, não significa que estou de acordo com ele. Se estiver insatisfeito, boa ideia é você criar o seu blogue. Democraticamente: muito obrigado pela compreensão.