No partido X em ascensão a fractura política pode começar assim: os resultados eleitorais não agradam a certos pretendentes à presidência, que, de imediato, criam uma plataforma discursiva destinada a desvalorizá-los e a regionalizá-los. Mesmo se os resultados eleitorais permitiram uma evidente ascensão do partido X, os pretendentes à presidência - ostentando beatificamente a bandeira do desinteresse a esse respeito -, dirão, em tom dramático, mediático, que a derrota aconteceu, visando estrategicamente o presidente em exercício (dirão algo como: ele é um monarca intolerante, não um democrata humilde). Mas não só eles, afinal: também os fracassados na corrida aos bem remunerados cargos da Assembleia da República. Quando isto sucede, pressagiando a luta interna no partido X e o risco útil de desagregação política, o partido no poder, experiente nestas andanças, tendo já passado por situações parecidas (como disse um dia Oscar Wilde, a experiência é a coleção dos nossos erros), com os seus estrategas e os seus ideólogos de plantão, ri-se e esfrega as mãos de contente. Porque, afinal, a ambição organiza-se, a ambição prepara-se.
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