Com as independências nacionais, o novo quadro epistemológico alterou a anterior visão: a África tem história e criatividade.
Por outras palavras, ao sinal negativo externo foi oposto o sinal positivo local, lá onde se defendia o afropessimismo opôs-se o afro-optimismo, numa polarização na qual a pesquisa dialéctica e os juízos de facto foram e são, frequentemente, substituídos pela pesquisa politicamente conveniente e pelos juízos de valor. Esta pesquisa politicamente conveniente integra, hoje, o discurso, também conveniente, da riqueza africana em recursos naturais, especialmente minerais e energéticos, que aparecem como substitutos dos “leões” de outrora.
É imperioso romper com essa dicotomia normativa e olhar para o continente africano numa perspectiva adaptada à “lei de Heráclito”: a única coisa que não muda em África é a mudança. Ou seja, torna-se necessário produzir um entendimento científico sobre o continente africano a partir da complexidade das suas dinâmicas sociais.
O desafio dos cientistas consiste em estudar as dinâmicas africanas expondo as especificidades que as distinguem das dinâmicas universais e focando as rupturas e continuidades, os avanços e recuos, e as tradições que se reinventam e se transformam com a interculturalidade característica da globalização.
Na verdade, África sofreu e sofre influências e pressões, determinantes no passado e no presente, sobre que rumos seguir e escolhas fazer, num clima de permanente tensão não tanto entre o novo e o velho quanto entre o local e o global.
Que dinâmicas estão em curso? Que riscos sociais e ambientais prever? Que desafios ter em conta? Que políticas e estratégias adoptar?
Daí o tema desta III Conferência Internacional, organizada pelo Centro de Estudos Africanos na cidade de Maputo, que se desdobra em 15 subtemas, visando construir um mosaico de vida interligada sobre o continente africano.
Aperta, Moçambique !
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