Lá onde as possibilidades de ascensão social são em menor número, onde o horizonte é mais estreito, mais paroquial, é lá onde a luta é mais dura, é lá onde o caciquismo é mais virulento, muitas vezes à revelia das grandes e nobres decisões públicas, muitas vezes contra aquilo a que chamamos moral, é lá onde quem tem poder absolutamente não deseja perdê-lo. Se pudéssemos ser deuses e colocar uma invisível máquina de filmar em cada micro canto político de luta por recursos vitais, talvez nos surpreendêssemos - nós, os dos lugares distantes - com a multiplicidade de acções destinadas a barrar, não importa como nem onde, o acesso dos adversários, quando está em causa o poder que se tem, que não se quer partilhar, que se receia perder, que se deseja ampliar, pelo qual se é, até, capaz de dar a vida ou de a tirar a outrem. Que poder? O poder de muitas coisas, das físicas às simbólicas, das simples às complexas.
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