As promessas oferecem aos eleitores potenciais o perfume das possibilidades, a subversão das rotinas, grandiosos sonhos tão mais apetecidos quão mais pequenas, pobres e distantes das modernidades urbanas forem as terras.
As autopromoções políticas dão às promessas o selo de uma garantia gnómica, dotando os seus autores da característica fantástica dos obreiros das parúsias.
Se estivermos atentos às descrições do que têm dito líderes e porta-vozes partidários, veremos que tudo se promete, desde água e energia a empregos, desde empregos a hospitais e escolas de boa qualidade, de hospitais e escolas de boa qualidade ao funcionamento racional do Estado, do funcionamento racional do Estado à redistribuição da riqueza.
Aqui e acolá, os adversários são duramente atacados e acusados de prometer o que não podem cumprir. Mas as promessas desfilam, em todos os partidos, como rios impetuosos que saltaram fora das margens e penetram sem freios nos ouvidos e nas almas das multidões.
Desses rios impetuosos faz também parte, a todos os níveis, a autopromoção política. Os candidatos vão asseverando às multidões sequiosas de novidade e mudança que são os únicos conhecedores do desenvolvimento, os únicos que dispõem de maturidade, das chaves da boa governação, dos segredos do futuro, os únicos capazes de fazer a gestão transparente do Estado, de gerir a unidade nacional, os únicos, enfim, preparados para tornar o povo feliz e acabar com a malevolência, a miséria e a intranquilidade.
Promessas e autopromoções que, nestas quintas eleições gerais de Moçambique, talvez sejam bem mais constantes, profusas e partilhadas por todos os partidos do que nas eleições anteriores, num forte ambiente de propaganda e captação de crença que vai do porta-a-porta aos cultos religiosos, procurando abarcar todos os poros sociais do país.
Não resisti a esta bela síntese e, por este facto, vou tomar a liberdade de a (re) publicar no meu blogue
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