Outros elos pessoais

09 agosto 2014

Língua enquanto instrumento político

Não há, hoje ainda, um estudo sobre o poder simbólico da língua enquanto instrumento político, de dominação, de legitimação do poder das classes dominantes, urbanas e rurais. Fazendo uso do que escreveu Pierre Bourdieu, poderíamos dizer que trabalhamos muito na esteira de Saussure e de Chomsky, com a “leitura” técnica das línguas. Mas seria fascinante que um dia os nossos linguistas começassem a estudar de que maneira ou de que maneiras as línguas são usadas enquanto mecanismo de dominação, urbana e rural, de que maneira ou de que maneiras elas se inserem na e homologam a produção de relações sociais hierarquizadas, de que maneira ou de que maneiras as formas de dizer e de escrever reflectem o poder extenso da dominação política, de que maneira ou de que maneiras reflectem estruturas de hábitos adquiridos e enraizados pelo poder político, de que maneira ou de que maneiras elas se inscrevem, enfim, nos campos simbólicos de luta e de dominação.

1 comentário:

  1. Existem estudos moçambicanos em Antropologia linguística e sociolinguistica que, como tal, não são estruturalistas (seja na sua fase moderna tendo em conta as propostas de Chomsky ou na fase velha associada a linha Saussuriana). Alguns deles ja trataram da dimensão social das praticas linguísticas,por exemplo dos seus papeis e funções nos contextos politico, da justiça e da construção do estado nação (cf Firmino 2002, Mabasso 200?). Porem, precisa-se de mais estudos sobre os papeis, as funções e ideologias das praticas linguísticas no contexto das representações politicas. Mas esta lacuna não esta associada ao facto de os linguistas moçambicanos estarem apenas a seguir correntes estruturalistas. E uma problema de investigação no geral, similar ao que afecta as outras áreas inexploradas, dentre outras coisas, por falta de tempo (os investigadores estão mais tempo a tentar melhorar as suas condições de vida), de fundos para investigação,e de constrangimentos sociais e culturais....
    Narciso Mahumana

    ResponderEliminar

Seja bem-vinda (o) ao blogue "Diário de um sociólogo"! Por favor, sugira outras maneiras de analisar os fenómenos, corrija, dê pistas, indique portais, fontes, autores, etc. Não ofenda, não insulte, não ameace, não seja obsceno, não seja grosseiro, não seja arrogante, abdique dos ataques pessoais, de atentados ao bom nome, do diz-que-diz, de acusações não provadas e de generalizações abusivas, evite a propaganda, a frivolidade e a linguagem panfletária, não se desdobre em pseudónimos, no anonimato protector e provocador, não se apoie nos "perfis indisponíveis", nas perguntas mal-intencionadas, procure absolutamente identificar-se. Recuse o "ouvi dizer que..." ou "consta-me que..."Não serão tolerados comentários do tipo "A roubou o município", "B é corrupto", "O partido A está cheio de malandros", "Esta gente só sabe roubar". Serão rejeitados comentários e textos racistas, sexistas, xenófobos, etnicistas, homófobos e de intolerância religiosa. Será absolutamente recusado todo o tipo de apelos à violência. Quem quiser respostas a comentários ou quem quiser um esclarecimento, deve identificar-se plenamente, caso contrário não responderei nem esclarecerei. Fixe as regras do jogo: se você é livre de escrever o que quiser e quando quiser, eu sou livre de recusar a publicação; e se o comentário for publicado, não significa que estou de acordo com ele. Se estiver insatisfeito, boa ideia é você criar o seu blogue. Democraticamente: muito obrigado pela compreensão.