Julgo que não há ainda no país um estudo sobre o impacto político do helicóptero no imaginário popular rural quando usado na propaganda eleitoral. Lá onde as privações são múltiplas, o helicóptero deve representar a força fantástica de alguém que tem o poder de fazer como os deuses e os espíritos audazes: vencer o convencional, a altura, as tradições, o habitual, as limitações da vida e os próprios pássaros em sua liberdade voadora. Mas não só: certamente se acredita que o gestor de semelhante fantástico aparelho deve ter a capacidade de inaugurar uma nova era, a era da esperança, da abundância, do consumo. Quem o usa é suposto, afinal, ter o poder divino de poder tudo. Por outras palavras: o voto pode ir - segue-se uma expressão longa e bizarra - para o poder de poder fazer acreditar.
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