Como nasce a estrutura [*] e como funciona a sua
mentalidade? A estrutura nasce no dia em que um pacato
cidadão recebe a tarefa de dirigir algo importante no Estado, mesmo se esse
importante é pequeno e mora em pequeno sítio. A partir do dia em que
o pacato cidadão se torna estrutura, se estrutura como chefe,
imediatamente acontece a modificação metabólica do seu ser
social. Então, a estrutura distancia-se, cria todo um
enorme e sumptuoso conjunto de barreiras e de regras entre si e os outros, de
complicados meios de acesso, de sinais de aviso, digamos que se rodeia
de um poderoso firewall com a função de mostrar
que tem o poder de poder sujeitar os pretendentes ao contacto a um
ritual clientelista firme e sem fim. A mentalidade do antigo pacato
cidadão, hoje estrutura de grande visibilidade, gestor de
imponentes recursos de poder, consiste em distanciar-se do comum dos
mortais para ser respeitado. A solene e teatralizada estrutura de
hoje exige súplica, temor e vassalagem, mesmo quando sorri, especialmente
quando sorri - esse é um dos seus maiores prazeres. Como disse um dia
Samora Machel, os homens podem alterar situações, mas novas situações podem
transformar os homens, mesmo os mais revolucionários.
[*] Termo corrente para
designar os funcionários estatais, especialmente os de maior escalão.
Sem comentários:
Enviar um comentário
Seja bem-vinda (o) ao blogue "Diário de um sociólogo"! Por favor, sugira outras maneiras de analisar os fenómenos, corrija, dê pistas, indique portais, fontes, autores, etc. Não ofenda, não insulte, não ameace, não seja obsceno, não seja grosseiro, não seja arrogante, abdique dos ataques pessoais, de atentados ao bom nome, do diz-que-diz, de acusações não provadas e de generalizações abusivas, evite a propaganda, a frivolidade e a linguagem panfletária, não se desdobre em pseudónimos, no anonimato protector e provocador, não se apoie nos "perfis indisponíveis", nas perguntas mal-intencionadas, procure absolutamente identificar-se. Recuse o "ouvi dizer que..." ou "consta-me que..."Não serão tolerados comentários do tipo "A roubou o município", "B é corrupto", "O partido A está cheio de malandros", "Esta gente só sabe roubar". Serão rejeitados comentários e textos racistas, sexistas, xenófobos, etnicistas, homófobos e de intolerância religiosa. Será absolutamente recusado todo o tipo de apelos à violência. Quem quiser respostas a comentários ou quem quiser um esclarecimento, deve identificar-se plenamente, caso contrário não responderei nem esclarecerei. Fixe as regras do jogo: se você é livre de escrever o que quiser e quando quiser, eu sou livre de recusar a publicação; e se o comentário for publicado, não significa que estou de acordo com ele. Se estiver insatisfeito, boa ideia é você criar o seu blogue. Democraticamente: muito obrigado pela compreensão.