Há como que um consenso elitário em torno de uma africanidade essencial, biologizada e a-histórica, agindo homeostaticamente em todos os Africanos, operando a modos de um tropismo ou de um reflexo pavloviano. Nas palavras de Balandier, como se fixada num eterno presente etnográfico. Um bom e recorrente exemplo é o de muitos de nós dizermos - serena e quantas vezes publicamente - que a norte do Zambeze as populações são matrilineares e a Sul, patrilineares, como se só esse pudesse ser o fatal e congelado destino dos Moçambicanos. Na realidade, abunda, tenaz, a afrociência do tipo "é assim que as coisas são em África". Como na ideia finalista das "disposições estabelecidas pela natureza", diria Engels, muitos de nós defendemos que os Africanos foram feitos para serem tradicionais, tal como "os gatos foram criados para comer os ratos, os ratos para serem comidos pelos gatos, e o conjunto da natureza para testemunhar a sabedoria do criador”.
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