Primeiro foi Deviz Simango, presidente do Movimento Democrático de Moçambique, ao criticar a posição da bancada do seu partido que, na Assembleia da República, aprovou, juntamente com as bancadas da Frelimo e da Renamo, um projecto de lei que assegurava regalias excepcionais aos deputados. Aqui. Foi agora a vez do presidente da República, Armando Guebuza, devolver, para reapreciação na Assembleia da República, "a Lei da Revisão da Lei do Estatuto, Segurança e Previdência do Deputado e a Lei da Revisão da Lei 21/92, de 31 de Dezembro, que estabelece os Direitos e Deveres do Presidente da República em Exercício e após Cessação de Funções". Aqui.
A posição de Simango foi classificada ora de tardia em certos quadrantes digitais, ora de sintoma de descoordenação no MDM.
No tocante à posição do presidente de República, ela foi, generalizadamente, classificada como exercício de cidadania.
Parece-me sensato considerar que ambos, Simango e Guebuza, foram, afinal, cidadãos atentos, "cidadãos da cidadania".
Porém, a vida política é bem mais do que um exercício de pujança opinativa e de ética cidadã.
Na verdade, conscientes de que as eleições marcadas para este ano podem penalizar severamente certas posições e certos anseios, Simango e Guebuza desaprovaram o que outros, em seus partidos, tinham aprovado. Assim procedendo, puseram em movimento uma forte afirmação pessoal extrapartidária do género "sou capaz de estar acimas das paixões dos meus companheiros", no caso de Simango uma posição de candidato presidencial, no caso de Guebuza uma posição de presidente do Partido Frelimo pós-Outubro e de promotor da candidatura de Filipe Nyusi. Essa forte afirmação extrapartidária visa recalibrar os anseios partidários, reoxigená-los, mas colocando de forma destacada, bem à garupa, a densidade dos perfis dos chefes.
Estamos, então, perante dois ensaios eleitorais, um imediato, outro mediato.
Estrangeiro a esses ensaios parece estar Afonso Dhlakama, presidente da Renamo, algures numa mata do centro do país.
Como estamos em ano de eleições e se elas se realizarem, até lá teremos muitas "prendas" políticas e muitas bravuras "populares".
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