



Sonhadores, os sociólogos sempre procuraram duas coisas: as leis do social e a reforma das sociedades. Cá por mim busco bem pouco: tirar a casca dos fenómenos e tentar perceber a alma dos gomos sociais sem esquecer que o mais difícil é compreender a casca. Aqui encontrareis um pouco de tudo: sociologia (em especial uma sociologia de intervenção rápida), filosofia, dia-a-dia, profundidade, superficialidade, ironia, poesia, fragilidade, força, mito, desnudamento de mitos, emoção e razão.
Seja bem-vinda (o) ao blogue "Diário de um sociólogo"! Por favor, sugira outras maneiras de analisar os fenómenos, corrija, dê pistas, indique portais, fontes, autores, etc. Não ofenda, não insulte, não ameace, não seja obsceno, não seja grosseiro, não seja arrogante, abdique dos ataques pessoais, de atentados ao bom nome, do diz-que-diz, de acusações não provadas e de generalizações abusivas, evite a propaganda, a frivolidade e a linguagem panfletária, não se desdobre em pseudónimos, no anonimato protector e provocador, não se apoie nos "perfis indisponíveis", nas perguntas mal-intencionadas, procure absolutamente identificar-se. Recuse o "ouvi dizer que..." ou "consta-me que..."Não serão tolerados comentários do tipo "A roubou o município", "B é corrupto", "O partido A está cheio de malandros", "Esta gente só sabe roubar". Serão rejeitados comentários e textos racistas, sexistas, xenófobos, etnicistas, homófobos e de intolerância religiosa. Será absolutamente recusado todo o tipo de apelos à violência. Quem quiser respostas a comentários ou quem quiser um esclarecimento, deve identificar-se plenamente, caso contrário não responderei nem esclarecerei. Fixe as regras do jogo: se você é livre de escrever o que quiser e quando quiser, eu sou livre de recusar a publicação; e se o comentário for publicado, não significa que estou de acordo com ele. Se estiver insatisfeito, boa ideia é você criar o seu blogue. Democraticamente: muito obrigado pela compreensão.
Eu não sei o que seria deste país sem o surgimento da Renamo.
ResponderEliminarComo apreciador da História Contrafactual posso afiançar duas hipóteses:
1. Limitação das liberdades em toda a sua plenitude;
2. Continuação da pregação do sistema Marxista-Leninista, destruindo o tecido social existente no país;
A Renamo veio, independentemente de quem a financiou, estancar estas hemorragias.
Eu discordo totalmente da tese de que a Renamo surge como um "utensílio estrangeiro" para "domesticar" o país, senão vejamos:
Quando um Estado priva o seu próprio povo de todos os direitos consagradas pela Constituição e outras leis internacionais (dos quais é signatário) é dever dos mais iluminados - em nome da fiscalidade do bem - intervir para estancar a situação.
É papel dos países vizinhos, quando tal acontece, intervir para a salvação de quem está em perigo iminente de vida.
Durante muito tempo aprendi que quando há um incêndio no jardim do vizinho temos de saber emprestar a mangueira para apagar o fogo.
Foi o que aconteceu com a Renamo. Esta surge, antes de mais, da vontade do povo moçambicano em equilibrar o pêndulo da justiça.
Mais vale ter um sistema em que o "vil metal" regula o homem e a sociedade do que um sistema em que, em nome de uma falsa igualdade, mutila-se o homem e destrói-se a sociedade.
Diria o belga E.L. que "O marxismo está certo nas suas análises mas errado nas suas soluções."
Pergunta "(...) o que se passa no terreno é obra do exército governamental?" Não é do exército e sim dos políticos. Quem manda no exército?
Esta questão é tão complexa que não deve ser entendida desta forma, simplista, pois "a liberdade de dar um murro termina na face do adversário". E se esse adversário tiver armas - como é o caso da Renamo - não espere que ele fique quieto a lamber feridas.
Os problemas deste país não é a Renamo, ela é apenas a ponta do icebergue.
1. Temos uma carrada de universidades (mais do que poços de água) que formam para o desemprego. É assustador o número de desempregados existentes no país. Quer prova? Tente abrir uma empresa e lance um concurso público para ver quantos currículos irá receber. Gente que procura o primeiro emprego.
2. Todos os dias cava-se em Benga. E todos os dias o povo vê sair carvão para o mundo fora. Ora, o povo de Benga vive de tubérculos silvestres, sem água potável, sem corrente ecléctica e sem carteiras nas escolas, porque a madeira que devia vir de Cabo Delgado, da Zambézia e de outros pontos do país, tem outros destinos.
São apenas alguns exemplos.
Pergunta "Como é possível um país ter dois exércitos?" As negociações de Roma teve seus túneis, como qualquer negociações.
Vive alguns meses nos corredores da diplomacia internacional e o que vi assustou-me. A POLÍTICA É DEZ VEZES MAIS PERIGOSA DO QUE A GUERRA EM QUE SE MORRE UMA ÚNICA VEZ. EM POLÍTICA AS PESSOAS MORREM TODOS OS DIAS. OS POLÍTICOS SÃO BONS AUTORES E SABEM FAZER OS SEUS POVOS DE TABULEIRO QUANDO LHES CONVÉM. Há excepções, naturalmente.
O país têm dois exércitos porque alguém deixou e anuiu. Aliás, não são dois. São milhares. Há o exército desarmado dos desempregados, dos descontentes, dos afortunados, dos excluídos. Tudo isto conta.
Zicomo
"Uma Boa guerra é preferível à uma má Paz." [Nietsche]
ResponderEliminarE a nossa paz, Senhoras e Senhores,- se é que é lícito chamar paz a esta permanente e crescente violência social-,deita pus em toda a sua constituição. É uma paz em processo de decomposição.
E mesmo que se extermine fisica e ideologicamente a Renamo aparecerão outros moçambicanos que não aguentarão as desigualdades em escalada e a desporporção de oportunidades que se fez regra.
" Na primeira noite, eles se
aproximam e colhem uma
flor de nosso jardim.
E não dizemos nada.
Na segunda noite, já não
se escondem, pisam as
flores, matam nosso cão. E
não dizemos nada.
Até que um dia, o mais
frágil deles, entra
sozinho em nossa
casa, rouba-nos a lua, e, conhecendo nosso
medo, arranca-nos a
voz da garganta. E
porque não dissemos
nada, já não podemos
dizer nada."
[Maiakovski]