---"No terreno, não se constatou quem foi recrutado, onde, como, quando e nem o quartel onde eles estejam a treinar, neste momento. Estas cinco evidências não são comprovadas.”
---"No terreno, a nossa equipa de reportagem interpelou muitos jovens sobre o assunto, no entanto, ninguém conseguiu apresentar prova desta informação, limitanto-se apenas a afirmar que circulava informação de que muitos jovens estavam a ser recrutados para tropa."
---"Se as pessoas definem certas situações como reais, elas são reais em suas conseqüências."
Décimo terceiro número da série. Entro no sétimo ponto do sumário apresentado aqui. 7. Fenómenos especiais: ataques armados, eleições e actuação da FIR. Foi mais atrás escrito que à retaguarda do boato do recrutamento compulsivo existiam outros tipos de fenómenos que requeriam maior profundidade analítica.
A pouco e pouco tem-se procurado neste texto tornar mais completa essa profundidade analítica.
Na verdade, o boato do recrutamento cumpulsivo deve ser analisado no interior de uma configuração de fenómenos especiais interligados, de fenómenos decisivos na produção e na estruturação da crença surgida.
Os ataques armados levados a cabo na zona de Muxúnguè são o primeiro dos fenómenos especiais a ter em conta.
Esses ataques, pela sua violência, pelas suas consequências, fazendo movimentar guerrilheiros, soldados e veículos militares, causaram e continuam a causar pânico, reacendendo potencialmente, pela boca dos mais velhos, pelo bula-bula subsequente, a memória de uma guerra que se supunha definitivamente enterrada em 1992, de consequências terríveis. Que consequências? Por exemplo: um milhão de mortos, 454 mil crianças de idade inferior aos 15 anos mortas entre 1981 e 1988, 23% de crianças entre os feridos registados nas unidades sanitárias, sete mil crianças deficientes devido às minas entre 1980 e 1993, 50 mil pessoas amputadas, das quais sete mil crianças e mulheres; dos guerrilheiros e soldados desmobilizados, 28% tinham menos de 18 anos. Em particular: acima de 250 mil crianças orfãs e não acompanhadas. As crianças foram submetidas a repetidas experiências traumáticas: ameaças de morte, terror, agressões, processos sistemáticos de desumanização, fome, sede, malnutrição, exploração pelo trabalho, abuso sexual, envolvimento em actos militares. No que toca à sua personalidade, foram verificados os seguintes distúrbios: falta de confiança nos adultos e em si próprias, falta de perspectiva de futuro e/ou perspectiva pessimista, isolamento, depressões, resignação, altos índices de agressividade, perda de sensibilidade, regressão, introversão, fobias diversas, falta de mecanismos adequados para resolução de conflitos, capacidade muito limitada para aceitar frustrações, sintomas neuróticos diversos. Se não se importam, prossigo mais tarde.
---"No terreno, a nossa equipa de reportagem interpelou muitos jovens sobre o assunto, no entanto, ninguém conseguiu apresentar prova desta informação, limitanto-se apenas a afirmar que circulava informação de que muitos jovens estavam a ser recrutados para tropa."
---"Se as pessoas definem certas situações como reais, elas são reais em suas conseqüências."
Décimo terceiro número da série. Entro no sétimo ponto do sumário apresentado aqui. 7. Fenómenos especiais: ataques armados, eleições e actuação da FIR. Foi mais atrás escrito que à retaguarda do boato do recrutamento compulsivo existiam outros tipos de fenómenos que requeriam maior profundidade analítica.
A pouco e pouco tem-se procurado neste texto tornar mais completa essa profundidade analítica.
Na verdade, o boato do recrutamento cumpulsivo deve ser analisado no interior de uma configuração de fenómenos especiais interligados, de fenómenos decisivos na produção e na estruturação da crença surgida.
Os ataques armados levados a cabo na zona de Muxúnguè são o primeiro dos fenómenos especiais a ter em conta.
Esses ataques, pela sua violência, pelas suas consequências, fazendo movimentar guerrilheiros, soldados e veículos militares, causaram e continuam a causar pânico, reacendendo potencialmente, pela boca dos mais velhos, pelo bula-bula subsequente, a memória de uma guerra que se supunha definitivamente enterrada em 1992, de consequências terríveis. Que consequências? Por exemplo: um milhão de mortos, 454 mil crianças de idade inferior aos 15 anos mortas entre 1981 e 1988, 23% de crianças entre os feridos registados nas unidades sanitárias, sete mil crianças deficientes devido às minas entre 1980 e 1993, 50 mil pessoas amputadas, das quais sete mil crianças e mulheres; dos guerrilheiros e soldados desmobilizados, 28% tinham menos de 18 anos. Em particular: acima de 250 mil crianças orfãs e não acompanhadas. As crianças foram submetidas a repetidas experiências traumáticas: ameaças de morte, terror, agressões, processos sistemáticos de desumanização, fome, sede, malnutrição, exploração pelo trabalho, abuso sexual, envolvimento em actos militares. No que toca à sua personalidade, foram verificados os seguintes distúrbios: falta de confiança nos adultos e em si próprias, falta de perspectiva de futuro e/ou perspectiva pessimista, isolamento, depressões, resignação, altos índices de agressividade, perda de sensibilidade, regressão, introversão, fobias diversas, falta de mecanismos adequados para resolução de conflitos, capacidade muito limitada para aceitar frustrações, sintomas neuróticos diversos. Se não se importam, prossigo mais tarde.
(continua)
Sem comentários:
Enviar um comentário
Seja bem-vinda (o) ao blogue "Diário de um sociólogo"! Por favor, sugira outras maneiras de analisar os fenómenos, corrija, dê pistas, indique portais, fontes, autores, etc. Não ofenda, não insulte, não ameace, não seja obsceno, não seja grosseiro, não seja arrogante, abdique dos ataques pessoais, de atentados ao bom nome, do diz-que-diz, de acusações não provadas e de generalizações abusivas, evite a propaganda, a frivolidade e a linguagem panfletária, não se desdobre em pseudónimos, no anonimato protector e provocador, não se apoie nos "perfis indisponíveis", nas perguntas mal-intencionadas, procure absolutamente identificar-se. Recuse o "ouvi dizer que..." ou "consta-me que..."Não serão tolerados comentários do tipo "A roubou o município", "B é corrupto", "O partido A está cheio de malandros", "Esta gente só sabe roubar". Serão rejeitados comentários e textos racistas, sexistas, xenófobos, etnicistas, homófobos e de intolerância religiosa. Será absolutamente recusado todo o tipo de apelos à violência. Quem quiser respostas a comentários ou quem quiser um esclarecimento, deve identificar-se plenamente, caso contrário não responderei nem esclarecerei. Fixe as regras do jogo: se você é livre de escrever o que quiser e quando quiser, eu sou livre de recusar a publicação; e se o comentário for publicado, não significa que estou de acordo com ele. Se estiver insatisfeito, boa ideia é você criar o seu blogue. Democraticamente: muito obrigado pela compreensão.