Outros elos pessoais

14 setembro 2013

O conhecimento popular sobre gestão municipal

As pessoas podem não saber, tecnicamente falando, muitas coisas que nós outros sabemos, tal como nós outros não sabemos, tecnicamente também falando, muitas coisas que elas sabem. O nosso conhecimento não pode ter a veleidade de ser superior ao dos outros e muito menos de transformar o conhecimento dos outros em desconhecimento. Em 1998, por exemplo, no decorrer de uma pesquisa que dirigi sobre as primeiras eleições autárquicas do país*, um dos membros da minha equipa de Sofala observou o seguinte: "Contra toda a expectativa difundida pelos políticos, de dizer que o povo é de Cabeça de Galinha, isto é, tem memória curta, o povo na realidade não é isto. O povo pensa correctamente. Tem é impotência. Tem é medo de represálias. É um povo que vive legados culturais de seus ancestrais. Apesar do ambiente turvo que se caracteriza pela grave degradação moral na juventude e crianças, alguma coisa ainda persiste: esperança, bom senso e ponderação misturada com certo pragmatismo para, apenas, atender os condicionamentos da época em que vive." E um dos membros da equipa de Nampula: "Com ou sem educação cívica, as pessoas sabem o que se está a passar."
*Serra, Carlos (dir), Eleitorado incapturável, Eleições municipais em Manica, Chimoio, Beira, Dondo, Nampula e Angoche. Maputo: Livraria Universitária,1999, p. 195, 354 pp.

2 comentários:

  1. Mas os políticos não é assim que pensam.

    ResponderEliminar
  2. Bom senso, Senso comum ... São atributos do Ser Racional, não necessariamente e nem sempre do Sr Doutor.
    A Lógica é enriquecida pelo estudo mas ela deriva do funcionamento da própria Natureza.

    ResponderEliminar

Seja bem-vinda (o) ao blogue "Diário de um sociólogo"! Por favor, sugira outras maneiras de analisar os fenómenos, corrija, dê pistas, indique portais, fontes, autores, etc. Não ofenda, não insulte, não ameace, não seja obsceno, não seja grosseiro, não seja arrogante, abdique dos ataques pessoais, de atentados ao bom nome, do diz-que-diz, de acusações não provadas e de generalizações abusivas, evite a propaganda, a frivolidade e a linguagem panfletária, não se desdobre em pseudónimos, no anonimato protector e provocador, não se apoie nos "perfis indisponíveis", nas perguntas mal-intencionadas, procure absolutamente identificar-se. Recuse o "ouvi dizer que..." ou "consta-me que..."Não serão tolerados comentários do tipo "A roubou o município", "B é corrupto", "O partido A está cheio de malandros", "Esta gente só sabe roubar". Serão rejeitados comentários e textos racistas, sexistas, xenófobos, etnicistas, homófobos e de intolerância religiosa. Será absolutamente recusado todo o tipo de apelos à violência. Quem quiser respostas a comentários ou quem quiser um esclarecimento, deve identificar-se plenamente, caso contrário não responderei nem esclarecerei. Fixe as regras do jogo: se você é livre de escrever o que quiser e quando quiser, eu sou livre de recusar a publicação; e se o comentário for publicado, não significa que estou de acordo com ele. Se estiver insatisfeito, boa ideia é você criar o seu blogue. Democraticamente: muito obrigado pela compreensão.