Chamarei a uma a maneira do eu por cima e à outra, a maneira do sistema por baixo.
Na primeirera maneira, o ponto central não é apenas a pessoa, o indivíduo, mas o episódico, o circunstancial, o evento único, o efémero, a superfície desgarrada e caótica dos fenómenos sociais, aquilo que aparece à tona dos actos sociais em sua crua unicidade, a biografia, o papel decisivo do indivíduo, o que cada um pensa e faz, o eu por cima, a lógica formal, o princípio disjuntivo (ou isto ou aquilo), enfim a árvore em sua plenitude. É como se a foto pudesse viver sem o caixilho. E nos casos em que surge um sistema, é o sistema do romance policial, o sistema que alberga apenas um determinado fenómeno.
Na segunda maneira, o ponto central não é apenas o social, mas o sistema em toda a sua complexidade, a articulação, o encadeamento, a chave do funcionamento dos indivíduos e dos colectivos, o conjunto dos dispositivos que dão sentido e frequentemente determinam o que se pensa e se faz, o conjunto interligado dos indivíduos determinado por baixo, a base de tudo situada em baixo do que se pensa, o papel decisivo das condições históricas herdadas e tornadas regra, a lógica dialéctica, o princípio da copulativa (isto e aquilo), enfim a floresta. É como se nenhuma foto pudesse viver sem o caixilho, seu suporte. O sistema não é o do romance policial, mas o da estrutura que orienta e ilumina não importa que romance da vida.
Sugiro testem as hipóteses acima no que se escreve por exemplo no (e sobre o) nosso país, mesmo a nível académico.
Ao analisarmos alguns balanços de governação vemos quanto a foto se libertou do caixilho.
ResponderEliminarNo seu discurso de 8 de Março de 1977, Samora ensina-nos: "Aqui não se trata do que eu quero ou do que tu queres mas do que todos nós precisamos como Nação". O suporte da foto ainda era importante e o romance sobreviveu.
Ter alguma esperança no futuro já é muito optimismo.