Outros elos pessoais

10 março 2013

O aguilhão da história (sobre o assassinato do taxista moçambicano) (9)

"(...) a nossa preocupação no que se refere aos moçambicanos na África do Sul tem a ver com a extrema violência com eles tem sido tratados quando cometem crimes. Isto aconteceu agora, foi um caso excepcional, admitamos, mas também temos tido conhecimento de que os caçadores furtivos normalmente são mortos." - ministro Oldemiro Baloi
Nono número da série. Permaneço no terceiro número do sumário proposto aqui, a saber: 3. A facilidade da generalização. Escrevi no número anterior que se sucederam dois níveis de generalização, o pequeno e o grande, a saber: o pequeno (1) É evidente que todos os polícias sul-africanos são maus, o grande (2) É evidente que todos os Sul-africanos são maus. Estamos perante o que chamo efeito Hume. Chamo efeito Hume à estrutura de raciocínio que consiste em partir da constatação de que, por exemplo, dois corvos da Inhaca são negros, para induzir que todos os corvos da Inhaca são negros. Uma preposição implícita "contamina" as preposições explícitas do enunciador. Vejamos a formalização:
1.Até aqui os corvos que contei na Inhaca são negros
2.[É muito natural que todos os corvos da Inhaca tenham a mesma cor]
3.Os corvos da Inhaca têm a mesma cor
4.Todos os corvos da Inhaca são negros
Portanto, com este tipo de indução não provamos nada: limitamo-nos a voltar ao que teria de ser provado.Trata-se de um pensamento circular que filia a "prova" na confiança acordada à premissa 2.
Prossigo mais tarde.
(continua)
Adenda: o vídeo a seguir contém imagens chocantes, aqui.
Adenda 2 às 7:34 de 05/03/2013: ouvidos ontem pela estação televisiva STV, camionistas moçambicanos que escalam a África do Sul queixaram-se de constantes maus tratos por parte da polícia sul-africana. Eles não gostam dos Moçambicanos - eis o resumo das intervenções.

2 comentários:

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