Comentário: se Simango disse o que o "Canal de Moçambique" escreveu que ele disse, então parece ter o espírito de uma personagem fáustica, parece Fausto chamando Mefistófeles para remover Filemo e Báucia da sua pobre casa camponesa a fim de que o desenvolvimento industrial tenha curso, neste caso maputense removendo agricultores de 100 hectares de terra para que mais um condomínio de luxo tenha curso nesta cidade fortemente marcada pelas desigualdades sociais. A vida é como assim, com "ganhos e perdas" segundo a dialéctica faústica de Simango, não havendo ainda maneira de sabermos de que maneira os Filemos e as Báucias da Costa do Sol irão ganhar o que Simango terá dito que eles irão ganhar. Há muitos anos atrás, Marx e Engels escreveram numa altura em que ainda não havia condomínios de luxo com cercas electrificadas, que "A moderna sociedade burguesa, uma sociedade que desenvolveu gigantescos meios de troca e produção, é como o feiticeiro incapaz de controlar os poderes ocultos que desencadeou com suas fórmulas mágicas." Finalmente: recorde uma série minha em dez números intulada Segregação Urbana em Maputo, aqui.
Sonhadores, os sociólogos sempre procuraram duas coisas: as leis do social e a reforma das sociedades. Cá por mim busco bem pouco: tirar a casca dos fenómenos e tentar perceber a alma dos gomos sociais sem esquecer que o mais difícil é compreender a casca. Aqui encontrareis um pouco de tudo: sociologia (em especial uma sociologia de intervenção rápida), filosofia, dia-a-dia, profundidade, superficialidade, ironia, poesia, fragilidade, força, mito, desnudamento de mitos, emoção e razão.
Outros elos pessoais
23 agosto 2011
Dos Filemos e das Báucias da Costa do Sol
Comentário: se Simango disse o que o "Canal de Moçambique" escreveu que ele disse, então parece ter o espírito de uma personagem fáustica, parece Fausto chamando Mefistófeles para remover Filemo e Báucia da sua pobre casa camponesa a fim de que o desenvolvimento industrial tenha curso, neste caso maputense removendo agricultores de 100 hectares de terra para que mais um condomínio de luxo tenha curso nesta cidade fortemente marcada pelas desigualdades sociais. A vida é como assim, com "ganhos e perdas" segundo a dialéctica faústica de Simango, não havendo ainda maneira de sabermos de que maneira os Filemos e as Báucias da Costa do Sol irão ganhar o que Simango terá dito que eles irão ganhar. Há muitos anos atrás, Marx e Engels escreveram numa altura em que ainda não havia condomínios de luxo com cercas electrificadas, que "A moderna sociedade burguesa, uma sociedade que desenvolveu gigantescos meios de troca e produção, é como o feiticeiro incapaz de controlar os poderes ocultos que desencadeou com suas fórmulas mágicas." Finalmente: recorde uma série minha em dez números intulada Segregação Urbana em Maputo, aqui.
8 comentários:
Seja bem-vinda (o) ao blogue "Diário de um sociólogo"! Por favor, sugira outras maneiras de analisar os fenómenos, corrija, dê pistas, indique portais, fontes, autores, etc. Não ofenda, não insulte, não ameace, não seja obsceno, não seja grosseiro, não seja arrogante, abdique dos ataques pessoais, de atentados ao bom nome, do diz-que-diz, de acusações não provadas e de generalizações abusivas, evite a propaganda, a frivolidade e a linguagem panfletária, não se desdobre em pseudónimos, no anonimato protector e provocador, não se apoie nos "perfis indisponíveis", nas perguntas mal-intencionadas, procure absolutamente identificar-se. Recuse o "ouvi dizer que..." ou "consta-me que..."Não serão tolerados comentários do tipo "A roubou o município", "B é corrupto", "O partido A está cheio de malandros", "Esta gente só sabe roubar". Serão rejeitados comentários e textos racistas, sexistas, xenófobos, etnicistas, homófobos e de intolerância religiosa. Será absolutamente recusado todo o tipo de apelos à violência. Quem quiser respostas a comentários ou quem quiser um esclarecimento, deve identificar-se plenamente, caso contrário não responderei nem esclarecerei. Fixe as regras do jogo: se você é livre de escrever o que quiser e quando quiser, eu sou livre de recusar a publicação; e se o comentário for publicado, não significa que estou de acordo com ele. Se estiver insatisfeito, boa ideia é você criar o seu blogue. Democraticamente: muito obrigado pela compreensão.
O PR ontem desencorajou, por ocasião da abertura do CM alargado, o conflito de terras quase citando o relatório Brundland : "o desenvolvimento que satisfaz as necessidades presentes, sem comprometer a capacidade das gerações futuras de suprir suas próprias necessidades".
ResponderEliminarResta saber se para os que decidem o conceito de 'futuras gerações' ultrapassa o conjunto de descendentes de dirigentes e associados.
Como se pode dizer a quem subsiste da terra que perde a terra mas ganha os edifícios de outros?
Não é isto a perpetuação das periferias? A alimentação da pobreza urbana e o ócio?
Simplesmente brilhante, sem mais comentários "fáusticos" e cáusticos.
ResponderEliminarSobretudo das "Báucias" porque são elas que cultivam...
ResponderEliminarOlhe caro Professor, grande perda para nos citadinos, foi a mudanca de Comiche para Simango...
ResponderEliminarMas aproveitando a embalagem, ja que estamos a falar de projectos imobiliarios para a classe media (penso eu), dizer que ontem, em Luanda, comecaram as inscricoes de cidadaos jovens para aquisicao de apartamentos da nova cidade do Kilamba-Kiaxi. As modicas quantias vao dos 100 mil aos 200 mil dolares americanos. E no entanto as filas eram interminaveis. Intrigado, quiz perceber donde e que viriam tantos milionarios instantaneos angolanos. Rapidamente percebi que TODOS foram aconselhados pelo Governo de Angola a endividar-se a Banca Comercial para ficarem com as casas.
Onde e que ja vimos isto antes? Nos EUA, ou seria em Portugal?
"...A vida é como assim, com "ganhos e perdas" segundo a dialéctica faústica de Simango..."
E eu acrescentaria, Simangos ha muitos...
Angola, Kilamba-Kiaxi: 'O preço mínimo de um apartamento neste projecto é USD 50 mil, para unidades de pequena dimensão. O máximo é USD 200 mil, para um apartamento T3'
ResponderEliminarhttp://www.jornaldeeconomia.com/index.php?t=Modulo&action=view&modulo_id=1&id=244&table=noticia&pg=19
Eu nao estou a falar em abstracto. Referia-me a estas casas aqui:
ResponderEliminarhttp://club-k.net/sociedade/8534-casas-da-nova-cidade-do-kilamba-comecam-a-ser-comercializadas-segunda-feira
Cuja noticia - espantosamente - a TPA ainda nao postou no seu site. Alguns dos que la foram, parece-me, postaram alguns dos possiveis precos de venda (vide comentarios)...
O projecto do Charas é café pequeno, já viram o que está planeado exclusivamente para os Chineses na Catembe?
ResponderEliminarJa. E o Katembe-Kiaxi I e II...
ResponderEliminarCasas iguais, cores iguais, ruas iguais, pessoas...IGUAIS. Como convem numa cidade-dormitorio.