Outros elos pessoais

10 junho 2011

Sobre ritos de iniciação feminina à maturidade em Moçambique (8)

Desinstalemos os mitos (Sebastião Alba)
O oitavo número desta série, suscitada por textos aqui e aqui.
Prossigo no quarto número do sumário que vos propus, intitulado Ritos de iniciação na Zambéza: nluga e muáli.
Um ponto prévio. Os ritos iniciáticos de ascensão à maturidade foram e são muito mais do que o corte do prepúcio nos rapazes ou a leve incisão no clitóris das raparigas. São processos pedagógicos comunitários destinados a inserir uns e outros na vida adulta. Rigorosamente não são escolas sexuais ou iniciações à orgia.
Segundo ponto prévio. Não creio ser possível tratar do Muáli das raparigas sem tratar do Nluga dos rapazes. Os dois momentos estão ligados. Por isso, apesar do título desta série, procurarei descrever os dois rituais, os quais, não obstante as transformações sofridas, mantêem a sua estrutura nuclear.
Terceiro ponto. O que daqui em diante procurarei descrever não comporta acordo ou desacordo. Mas comporta, absolutamente, a intenção de pôr em causa a descrição do El Mundo, cujo designação é, já de si, descriminatória e ofensiva: "ritos de iniciação sexual em Moçambique".
Vamos lá, então.
A reprodução das comunidades fazia-se e faz-se pelo ingresso de novos membros, educados nas regras clânico-linhageiras através dos ritos iniciáticos (oceteliua/otxetheliwa), localmente chamados Nluga (rapazes) e Muáli (Mwali) (raparigas).
Prossigo mais tarde.
(continua)
Fontes: trabalho de campo na Zambézia em 1979, 1980 e 1982; documentação escrita colonial; Brentari, Giovanni Battista, Deus na sociedade africana. Quelimane: Apostolado pelo livro e pela liturgia, sem data, 226 pp.; Ribeiro, Júlio Meneses Rodrigues, colaboração de Brentari, Giovanni Battista, Da vida africana à vida religiosa, No duplo aspecto de continuidade e descontinuidade. Quelimane: Apostolado pelo livro e pela liturgia, 1971, 157 pp.

2 comentários:

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