Outros elos pessoais

05 junho 2011

Sobre ritos de iniciação feminina à maturidade em Moçambique (4)

Desinstalemos os mitos (Sebastião Alba)
O quarto número desta série.
Termino o primeiro ponto do sumário que vos propus intitulado Natureza e sexo: hegelização dos Africanos.
Apresentar os Africanos como mero produto da natureza é uma das constantes de um discurso que, consciente ou inconsciente, hoje ainda, herdou de Hegel alguns dos seus pressupostos. As categorias analíticas racionais devem ser abandonadas quando nos confrontamos com Africanos - escreveu o filósofo -, o "carácter africano" é de outra natureza, da natureza do "imediato", do "estado bruto", do instinto. Os Africanos não têm noção de família, de educação, de ética - acrescentou. O que os guia é "a arbitrariedade determinada pelos sentidos, a energia da vontade sensível" (leia os vários números da minha série África enquanto produção cognitiva, já com 29 números, aqui).
Sendo assim, não surpreende que tirem as meninas da escolas e as ponham a aprender sexo para os maridos ficarem felizes. Ritos iniciáticos só têm sentido sexual, orgiástico, para os Africanos - esta é uma conclusão rigorosamente hegeliana. Mais: ritos iniciáticos apenas inferiorizam as mulheres.
A partir do próximo número e com base no sumário que propus, vou procurar mostrar que os ritos de iniciação à maturidade podem e devem ser abordados fora dos clichés hegelianos. E fora dos clichés de fácil consumo nos temas da moda.
Enquanto isso, sugiro leiam (1) um longo comentário feito por A. Katawala no número anterior desta série, aqui; e (2) uma referência a esta série na página da UNICEF no Facebook, aqui.
(continua)

1 comentário:

  1. Mas nao V. parece sintomatico que seja uma ruandesa, Marie-Consolée Mukangendo, a porta-estandarte desta diabolizacao dos ritos de iniciacao africanos?

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