Outros elos pessoais

02 junho 2011

Sobre ritos de iniciação feminina à maturidade em Moçambique (1)

Com grande destaque, o portal da Rádio Moçambique (RM) exibe hoje um trabalho com o dramático título "Crianças moçambicanas fechadas durante semanas para aprenderem sexo". Este trabalho é baseado num outro divulgado, hoje também, pelo digital espanhol El Mundo. Quem acusa? A UNICEF, através de Marie-Consolée Mukangendo, especialista de Comunicação. Qual o problema central? O problema central  é o sexo, é a aprendizagem de sexo pelas meninas nos ritos de iniciação sexual. Eis o cabeçalho da notícia da RM: "O ritual consiste em tirar uma menina da sua família e da escola quando tem a primeira menstruação, às vezes até antes, encerrá-la numa casa e ensinar-lhe práticas sexuais durante duas ou três semanas para que mais tarde não sejam rejeitadas pelos maridos, escreve o jornal El Mundo".
Vou procurar mostrar que estamos perante uma visão distorcida.
(continua)
Adenda às 21:18: estabeleci contacto telefónico com um jornalista sénior da Rádio Moçambique e disse-lhe que a visão apresentada é distorcida.

5 comentários:

  1. Ha muito que vejo cerimonias de macondes na Zona Militar, com rapazes e raparigas a serem iniciados.

    E nunca me pareceu que aquele acto implicasse um retrocesso na vida de algumas meninas que por la passaram. Alias, algumas delas, com cargos no actual Governo.

    Enfim, opinioes, respeitam-se. Mas nao se aceitam!

    ResponderEliminar
  2. Na continuidade da série, tentarei mostrar alguns problemas de abordagem.

    ResponderEliminar
  3. Nao conheco nem a nacionalidade nem a cultura de quem investigou e escreveu o artigo do El Mundo. Ja tive contacto de perto (ninguem assiste, Ricardo)com o "lykumbi", rapazes e "chiputo", meninas. Nao no B. Militar mas em Muidumbe, Nangade e Mueda. E muito daquelas praticas se podem facilmente inserir em violacao de direitos varios, face aos costumes e moral ocidentais e mesmo africanos urbanos.

    Prof. atencao que nestes rituais, nao existem actualmente, apenas e so boas e louvavais intencoes. Talvez muita da pureza historica e intocabilidade moral, tenha sido levada pela nossa historia recente de guerra. Acredito que saiba a que me refiro.

    PS: um conhecedor local destacou-me e eu confirmei que alguns pais se opoem a participacao dos filho(a)s dada a utilizacao de objectos cortantes nao desinfectados e porque regra geral, os que dirigem as cerimonias consomem demasiado alcool para tanta responsabilidade.

    ResponderEliminar
  4. Penso que nao se deve confundir uma expressao cultural que preserva as tradicoes de um povo com aspectos sanitarios que hoje em dia, devido as doencas modernas exigem certos cuidados e que por isso, poderiam, como ja sucedeu no passado, ser explicado aos locais.

    O uso de catanas, laminas e outros objectos cortante em cerimonias eivadas de charlatanice (sr. Ningore) nao justitifica a qualificacao que foi feita pelo EL PAIS, que ao que li, quase que equiparou tais cerimonias a mutilacao mental feminina.

    Por ultimo, e ja que foi aberto o parentises "padroes ocidentais", devo dizer que, sao exemplos destes que demonstram que Fode Diawara esteve sempre equivocado. Pois que, a guiza da BOA aculturacao ocidental, por causa de uma suposta barbarie, os povos africanos perdem suas raizes ancestrais, banalizam-se ou ate pior, exterminam-as do seu ideario secular. Restando-lhes depois a cultura do Novo Africano globalizado e do internet cafe. Nem carne, nem peixe. Perdido, e de mao estendida.

    Um povo que nao respeita sua cultura. E um povo sem ela. E um povo sem cultura, e um povo sem futuro.

    ResponderEliminar
  5. "para que não sejam rejeitadas pelos maridos"? e no que toca aos rituais masculinos - terão como objectivo o " não virem a ser rejeitados pelas mulheres"? Estou curiosa em ler a sua interpretação deste fenómeno, mais como activista dos direitos humanos, que como é óbvio, não podem ignorar os direitos das crianças e das mulheres.Não é assim?

    ResponderEliminar

Seja bem-vinda (o) ao blogue "Diário de um sociólogo"! Por favor, sugira outras maneiras de analisar os fenómenos, corrija, dê pistas, indique portais, fontes, autores, etc. Não ofenda, não insulte, não ameace, não seja obsceno, não seja grosseiro, não seja arrogante, abdique dos ataques pessoais, de atentados ao bom nome, do diz-que-diz, de acusações não provadas e de generalizações abusivas, evite a propaganda, a frivolidade e a linguagem panfletária, não se desdobre em pseudónimos, no anonimato protector e provocador, não se apoie nos "perfis indisponíveis", nas perguntas mal-intencionadas, procure absolutamente identificar-se. Recuse o "ouvi dizer que..." ou "consta-me que..."Não serão tolerados comentários do tipo "A roubou o município", "B é corrupto", "O partido A está cheio de malandros", "Esta gente só sabe roubar". Serão rejeitados comentários e textos racistas, sexistas, xenófobos, etnicistas, homófobos e de intolerância religiosa. Será absolutamente recusado todo o tipo de apelos à violência. Quem quiser respostas a comentários ou quem quiser um esclarecimento, deve identificar-se plenamente, caso contrário não responderei nem esclarecerei. Fixe as regras do jogo: se você é livre de escrever o que quiser e quando quiser, eu sou livre de recusar a publicação; e se o comentário for publicado, não significa que estou de acordo com ele. Se estiver insatisfeito, boa ideia é você criar o seu blogue. Democraticamente: muito obrigado pela compreensão.