Outros elos pessoais

16 junho 2011

Mudar sem mudar (6)

Sexto número da série.
Prossigo o ponto do número anterior sobre o antisexismo. O antisexismo exige a paridade nas definições e nas possibilidades de vida, carreira e respeito. Decisão: os géneros devem ser iguais. Mas a questão central consiste em mudar uma certa forma tradicional de pensar sem mudar a estrutura das relações sociais que produzem e reproduzem a dicotomia desfavorável a um determinado género e, portanto, as formas tradicionais de pensar. Queremos que as mulheres sejam iguais aos homens, dotando-as, por exemplo, de quinhões paritários de poder (cargos, ministérios, direcções, etc). Distribuímos quinhões de poder sem mexer na estrutura social e nas relações básicas de poder que geram e mantêem a dualidade, não falo da dualidade biológica, mas da dualidade social. Convencemo-nos de que as representações sociais podem mudar sem que mude a matriz do modo de produção e de reprodução da vida. É o espírito das acções-aspirina, como diria o pedagogo brasileiro Paulo Freire: a ilusão de transformar o coração dos homens e das mulheres mantendo intactas as estruturas sociais nas quais o coração não pode ter saúde.
Termino o ponto mais tarde com uma formulação da lógica do raciocínio dicotómico. Imagem reproduzida daqui.
(continua)

3 comentários:

  1. Não se nasce mulher, torna-se mulher - Simone de Beauvoir

    ResponderEliminar
  2. Interessante que certas mulheres reivindicam igualdade mas para serem iguais aspiram a ser como os homens, terem as coisas que eles tem, os lugares que eles tem, enquanto ignora por completo o valos das mulheres e do que elas fazem. Assim, sem o perceberem essas mulheres reforçam exactamente o que pretendem combater: a visão segundo a qual os homens e as posições que eles ocupam são as mais importantes e ao mesmo tempo que as mulheres e as posições que ocupam são irrelevantes.

    ResponderEliminar

Seja bem-vinda (o) ao blogue "Diário de um sociólogo"! Por favor, sugira outras maneiras de analisar os fenómenos, corrija, dê pistas, indique portais, fontes, autores, etc. Não ofenda, não insulte, não ameace, não seja obsceno, não seja grosseiro, não seja arrogante, abdique dos ataques pessoais, de atentados ao bom nome, do diz-que-diz, de acusações não provadas e de generalizações abusivas, evite a propaganda, a frivolidade e a linguagem panfletária, não se desdobre em pseudónimos, no anonimato protector e provocador, não se apoie nos "perfis indisponíveis", nas perguntas mal-intencionadas, procure absolutamente identificar-se. Recuse o "ouvi dizer que..." ou "consta-me que..."Não serão tolerados comentários do tipo "A roubou o município", "B é corrupto", "O partido A está cheio de malandros", "Esta gente só sabe roubar". Serão rejeitados comentários e textos racistas, sexistas, xenófobos, etnicistas, homófobos e de intolerância religiosa. Será absolutamente recusado todo o tipo de apelos à violência. Quem quiser respostas a comentários ou quem quiser um esclarecimento, deve identificar-se plenamente, caso contrário não responderei nem esclarecerei. Fixe as regras do jogo: se você é livre de escrever o que quiser e quando quiser, eu sou livre de recusar a publicação; e se o comentário for publicado, não significa que estou de acordo com ele. Se estiver insatisfeito, boa ideia é você criar o seu blogue. Democraticamente: muito obrigado pela compreensão.