Comentário: periodicamente surge alguém, em nome de um grupo, a dizer veementemente que vai haver manifestações de protesto contra determinadas situações consideradas injustas. Logo de seguida, aparece outro alguém, geralmente são vários alguéns, a dizer não menos veementemente que as manifestações são um perigo para a paz e para o desenvolvimento. Estão assim as palavras manifestando-se nos dois lados. Interessante e dual fenómeno este, o do manifestacionalismo (mas que perverso neologismo manifestacional!) verbal, arma política ruidosa, fluxo e refluxo das marés dialécticas, guerra de palavras-trincheiras, vaivém de embates e debates, de bons e maus, de ameaças e contra-ameaças, de símbolos e contra-símbolos. Acontece, porém, que de tanto se gritar "Manifestações!", tal como o pastor de Esopo gritava "Lobo!", já ninguém acredita nelas, tal como o povo não acreditava mais no pastor. Mas se as manifestações finalmente se manifestam, se o lobo se loba, em sua tensa dualidade, que atitude tomaremos? Bem, como disse a Musky ao Alex Munshine, "(...) sabes, podemos viver com perguntas...mas nem sempre podemos viver com as respostas...tenho medo".
Sonhadores, os sociólogos sempre procuraram duas coisas: as leis do social e a reforma das sociedades. Cá por mim busco bem pouco: tirar a casca dos fenómenos e tentar perceber a alma dos gomos sociais sem esquecer que o mais difícil é compreender a casca. Aqui encontrareis um pouco de tudo: sociologia (em especial uma sociologia de intervenção rápida), filosofia, dia-a-dia, profundidade, superficialidade, ironia, poesia, fragilidade, força, mito, desnudamento de mitos, emoção e razão.
Outros elos pessoais
07 junho 2011
Manifestacionalismo
Comentário: periodicamente surge alguém, em nome de um grupo, a dizer veementemente que vai haver manifestações de protesto contra determinadas situações consideradas injustas. Logo de seguida, aparece outro alguém, geralmente são vários alguéns, a dizer não menos veementemente que as manifestações são um perigo para a paz e para o desenvolvimento. Estão assim as palavras manifestando-se nos dois lados. Interessante e dual fenómeno este, o do manifestacionalismo (mas que perverso neologismo manifestacional!) verbal, arma política ruidosa, fluxo e refluxo das marés dialécticas, guerra de palavras-trincheiras, vaivém de embates e debates, de bons e maus, de ameaças e contra-ameaças, de símbolos e contra-símbolos. Acontece, porém, que de tanto se gritar "Manifestações!", tal como o pastor de Esopo gritava "Lobo!", já ninguém acredita nelas, tal como o povo não acreditava mais no pastor. Mas se as manifestações finalmente se manifestam, se o lobo se loba, em sua tensa dualidade, que atitude tomaremos? Bem, como disse a Musky ao Alex Munshine, "(...) sabes, podemos viver com perguntas...mas nem sempre podemos viver com as respostas...tenho medo".
2 comentários:
Seja bem-vinda (o) ao blogue "Diário de um sociólogo"! Por favor, sugira outras maneiras de analisar os fenómenos, corrija, dê pistas, indique portais, fontes, autores, etc. Não ofenda, não insulte, não ameace, não seja obsceno, não seja grosseiro, não seja arrogante, abdique dos ataques pessoais, de atentados ao bom nome, do diz-que-diz, de acusações não provadas e de generalizações abusivas, evite a propaganda, a frivolidade e a linguagem panfletária, não se desdobre em pseudónimos, no anonimato protector e provocador, não se apoie nos "perfis indisponíveis", nas perguntas mal-intencionadas, procure absolutamente identificar-se. Recuse o "ouvi dizer que..." ou "consta-me que..."Não serão tolerados comentários do tipo "A roubou o município", "B é corrupto", "O partido A está cheio de malandros", "Esta gente só sabe roubar". Serão rejeitados comentários e textos racistas, sexistas, xenófobos, etnicistas, homófobos e de intolerância religiosa. Será absolutamente recusado todo o tipo de apelos à violência. Quem quiser respostas a comentários ou quem quiser um esclarecimento, deve identificar-se plenamente, caso contrário não responderei nem esclarecerei. Fixe as regras do jogo: se você é livre de escrever o que quiser e quando quiser, eu sou livre de recusar a publicação; e se o comentário for publicado, não significa que estou de acordo com ele. Se estiver insatisfeito, boa ideia é você criar o seu blogue. Democraticamente: muito obrigado pela compreensão.
Se as manifestações se manifestarem, entao tentamos, mas tentamos mesmo, de verdade, a serio, para que elas ( as manifestações manifestadas ) sejam Pacificas, Democráticas e Geradoras de Mudanças Positivas.
ResponderEliminarNao mais nada a fazer, na modesta minha opinião.
Isso se as manifestações se manifestarem.
E se manifestações nao se manifestarem, entao ficamos quietos,calmos e sossegados, a espera que as manifestações se manifestem,
Hehehe,
Segundo as palavras violentas e intimidatórias do mais alto responsável da PRM – “qualquer tentativa de manifestação será violentamente reprimida”.
ResponderEliminarInfelizmente, Karim, não vejo que sejam possíveis, "Manifestações Pacíficas, Democráticas e Geradoras de Mudanças Positivas"
Esperemos, então.