Sonhadores, os sociólogos sempre procuraram duas coisas: as leis do social e a reforma das sociedades. Cá por mim busco bem pouco: tirar a casca dos fenómenos e tentar perceber a alma dos gomos sociais sem esquecer que o mais difícil é compreender a casca. Aqui encontrareis um pouco de tudo: sociologia (em especial uma sociologia de intervenção rápida), filosofia, dia-a-dia, profundidade, superficialidade, ironia, poesia, fragilidade, força, mito, desnudamento de mitos, emoção e razão.
Outros elos pessoais
▼
▼
15 maio 2011
"Trânsito salarial" no Malawi
Vem no Nyasa Times: com a queda das receitas, a retenção pelos doadores de mais de 400 milhões de dólares de ajuda e a dificuldade para pagar salários aos funcionários públicos, o governo do Malawi ordenou à polícia que seja mais rigorosa e especialmente aplique multas aos infractores das leis de trânsito para, desta forma, cobrir os seus salários. Aqui. Para traduzir, aqui. Obrigado ao jornalista António Zefanias por me ter chamado a atenção para a notícia. Adenda: podemos imaginar o que pode acontecer face a um excesso de zelo...Enquanto isso, o líder da oposição, Sr. Chibambo, está zangado com afirmações que terão sido feitas pelo presidente Bingu wa Mutharika. Saiba quais aqui. Adenda 2 às 11:35: recorde uma postagem minha de 2009 neste diário, a propósito dos caça-mola na cidade de Maputo, aqui.
Na semana passada, um carro da polícia vinha atrás de mim (curiosamente só com um farol a funcionar) e mandou-me parar, junto à praça dos trabalhadores. Um agente veio ter comigo e verificou todos os documentos, revistou a mala, certificou-se da existência do colete reflector, triângulo e seguro automóvel. No fim pediu-me para o acompanhar à esquadra, visto que alegadamente o selo do imposto municipal era falso (o senhor agente, às escuras, com uma pequena lanterna tirou essa conclusão...).
Surpreendido, pedi-lhe para irmos rápido, pois já era tarde e eu precisava de descansar. O polícia insistia em "resolver o problema de outra maneira", uma vez que a multa por falsificação seria muito elevada.
Insisti que me levassem à esquadra e que me passassem a multa, contra a vontade do senhor agente, que nunca se chegou a identificar, não obstante a minha solicitação. Cerca de 20 minutos mais tarde um carro fez mal a rotunda, o polícia repentinamente devolveu-me os documentos e partiram em perseguição.
De facto, o Estado paga baixos salários aos agentes da ordem, mas sabe que esses mesmos agentes têm estratégias de contorno que tornam os seus salários bem mais atractivos.
E ao receberem uma farda e uma espingarda do Estado e consequente poder para extorquir dinheiro, a missão da polícia começa a ser simplesmente a de incomodar o cidadão...
Seja bem-vinda (o) ao blogue "Diário de um sociólogo"! Por favor, sugira outras maneiras de analisar os fenómenos, corrija, dê pistas, indique portais, fontes, autores, etc. Não ofenda, não insulte, não ameace, não seja obsceno, não seja grosseiro, não seja arrogante, abdique dos ataques pessoais, de atentados ao bom nome, do diz-que-diz, de acusações não provadas e de generalizações abusivas, evite a propaganda, a frivolidade e a linguagem panfletária, não se desdobre em pseudónimos, no anonimato protector e provocador, não se apoie nos "perfis indisponíveis", nas perguntas mal-intencionadas, procure absolutamente identificar-se. Recuse o "ouvi dizer que..." ou "consta-me que..."Não serão tolerados comentários do tipo "A roubou o município", "B é corrupto", "O partido A está cheio de malandros", "Esta gente só sabe roubar". Serão rejeitados comentários e textos racistas, sexistas, xenófobos, etnicistas, homófobos e de intolerância religiosa. Será absolutamente recusado todo o tipo de apelos à violência. Quem quiser respostas a comentários ou quem quiser um esclarecimento, deve identificar-se plenamente, caso contrário não responderei nem esclarecerei. Fixe as regras do jogo: se você é livre de escrever o que quiser e quando quiser, eu sou livre de recusar a publicação; e se o comentário for publicado, não significa que estou de acordo com ele. Se estiver insatisfeito, boa ideia é você criar o seu blogue. Democraticamente: muito obrigado pela compreensão.
Mas não é novidade minha gente, na nossa terrinha está em vigor desde muito tempo, os chapistas sabem disso...
ResponderEliminarEstou mesmo a imaginar a corrida "salarial".
ResponderEliminarAquilo é que vai ser inventar faltas!
ResponderEliminarAcabei de colocar uma adenda sobre os "caça-mola" na cidade de Maputo.
ResponderEliminarNa semana passada, um carro da polícia vinha atrás de mim (curiosamente só com um farol a funcionar) e mandou-me parar, junto à praça dos trabalhadores. Um agente veio ter comigo e verificou todos os documentos, revistou a mala, certificou-se da existência do colete reflector, triângulo e seguro automóvel. No fim pediu-me para o acompanhar à esquadra, visto que alegadamente o selo do imposto municipal era falso (o senhor agente, às escuras, com uma pequena lanterna tirou essa conclusão...).
ResponderEliminarSurpreendido, pedi-lhe para irmos rápido, pois já era tarde e eu precisava de descansar. O polícia insistia em "resolver o problema de outra maneira", uma vez que a multa por falsificação seria muito elevada.
Insisti que me levassem à esquadra e que me passassem a multa, contra a vontade do senhor agente, que nunca se chegou a identificar, não obstante a minha solicitação. Cerca de 20 minutos mais tarde um carro fez mal a rotunda, o polícia repentinamente devolveu-me os documentos e partiram em perseguição.
De facto, o Estado paga baixos salários aos agentes da ordem, mas sabe que esses mesmos agentes têm estratégias de contorno que tornam os seus salários bem mais atractivos.
E ao receberem uma farda e uma espingarda do Estado e consequente poder para extorquir dinheiro, a missão da polícia começa a ser simplesmente a de incomodar o cidadão...
Já uma vez também passei pelo zelo, com as mesmas características.
ResponderEliminarSADC, federacao de republicas das bananas...
ResponderEliminarLa chegaremos!