Desconflitualizadas, as palavras tomam, então, um rumo pacífico.
A palavra população, de uso sistemático nos gestores do poder político, remete-nos para uma coleção neutra, passiva, despolitizada, evacuada "da pluralidade dos grupos e das minorias", como escreveu um dia Roland Barthes. O campo é a população, uma massa zoológica.
Com semelhante palavra à mão, verdadeiro antídoto, autêntico biombo da realidade, evacuamos a perigosidade de palavras como classe ou classes. Podemos, então - citando de novo Barthes -, gerir "um sentimento eufórico de multidões pacificamente subjugadas".
Prossigo mais tarde.
Só ver nos comícios toda aquela gente ali arrumada.
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