Outros elos pessoais

18 maio 2011

Guiné-Bissau: sobre a demissão da directora da PJ

A directora da Polícia Judicária da Guiné-Bissau, Senhora Lucinda Barbosa, demitiu-se alegando estar a receber ameaças de morte e estar impossibilitada de levar a cabo a luta contra os cartéis da droga. Em francês aqui. Para traduzir, aqui.
Comentário: este é mais um exemplo de como a Guiné-Bissau corre o risco de ter um Estado refém de interesses associados aos cartéis da droga. Recordei-me de uma postagem minha de 2009, referente ao nosso país, a saber: Numa importante intervenção feita em Coimbra há seis anos, Augusto Paulino, hoje procurador-geral da República, recordou as seguintes palavras do Teodato Hunguana, pronunciadas em 2002 na Assembleia da República: "A única forma de evitar que o Estado caia definitivamente nas malhas do crime é desencadear uma guerra sem quartel contra os mentores da alta criminalidade e, também, dos seus executantes ou instrumentos. Um combate apenas dirigido contra estes, deixando aqueles incólumes e intocáveis, significa manter instactas as fontes da sua reprodução, fontes que se tornam cada vez mais poderosas e capazes de se apropriarem do próprio Estado".
Adenda às 12:29: tento obter o comentário de um estudioso guinense.
Adenda 2 às 15:12: de um estudioso guinense recebi, a meu pedido, o seguinte comentário, feito sob condição de anonimato: "A demissão da directora da Polícia Judiciária guinense, Lucinda Barbosa, é para qualquer analista atento da situação política na Guiné-Bissau um acto normal. Por quê? Pois ela ameaçou várias vezes demitir-se mas depois de consultas com pessoas próximas desistia da ideia. A senhora não me parece uma pessoa que lutava contra os cartéis de droga com convicção. Tenho sensação que houve muitas manipulações no tratamento desta questão no país. Professor uma coisa: tantos militares bem como políticos estão envolvidos no tráfico de cocaína aqui. E Lucinda dava a impressão de lutar contra o fenómeno proferindo ataques aos militares com vista a ganhar uma certa simpatia interna e externa. E ela fechava olhos em relação aos políticos (até membros do governo) talvez por razões políticas. De salientar que Lucinda é uma figura muito próxima do primeiro-ministro, Carlos Gomes. Durante a sua presença à frente deste departamento nunca levou a cabo uma investigação de natureza a comprometer os membros do governo envolvidos em negócios ilícitos. Trata-se da grande incoerência! Mas seja como for, na verdade houve pressão dos militares que conduziu à demissão da inspectora devido à sua parcialidade em relação ao tráfico de droga. Acho que o combate a este fenómeno necessita de pessoas credíveis e imparciais, e sinceramente para mim Lucinda não faz parte desta categoria. Além de ter lacunas para este cargo, ela tem preferência política notória, o que constitui um fracasso."

2 comentários:

  1. Isto apenas da razao a recente acusacao da UE e EUA contra a Guine-Bissau e Cabo Verde.

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  2. Coitada da senhora que tem de enfrentar mafias de homens armados.Coitada mesmo!!!!!

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