Outros elos pessoais

11 abril 2011

Para se compreender o incompreensível

Na quinta-feira, dia 7, um jovem de 23 anos armado com dois revólveres entrou numa escola do Rio de Janeiro onde fôra ex-aluno e começou a disparar, matando 11 crianças e ferindo 12. A esse propósito, o sociólogo José de Sousa Martins (na foto) escreveu um texto intitulado "Entre ovelhas e bodes" (o título em epígrafe pertence a esse texto) que introduzo da seguinte maneira "A modernidade chegou ao Brasil na manhã desta quinta-feira, na plena indistinção entre ficção e realidade. Foi na sala de aula de dona Leila, na Escola Municipal Tasso da Silveira, no Realengo, que apenas iniciava as lições do dia. A modernidade é na essência assim, no esperado inesperado. A rotina das balas perdidas nos fala disso todos os dias (...). O que ali se viu foi um rito sacrificial medonho, perfeitamente delineado e explicado na carta-testamento do assassino. O mundo da modernidade se constituiu pelas formas superficiais modernas e ligeiras (como a da escola), sufocando os conteúdos e concepções das crenças arcaicas. (...) Mas há detalhes nisso tudo para se compreender o incompreensível. A começar de que o ato teve forma e conteúdo sociais, definidos e determinados. Não foi propriamente loucura. (...) Wellington pede que seu corpo não seja tocado por impuros, os não castos, os adúlteros e fornicadores, o que é próprio da tradição do sagrado. Pede que o corpo seja despido, banhado, enxugado e vestido com um lençol branco, deixado numa bolsa em uma das salas da escola."

2 comentários:

  1. Sociedades em implosao. Mentes emboscadas. Realidades eternamente ofuscadas pelo Samba, Mulata e Futebol:

    "...Meu caro amigo me perdoe, por favor
    Se eu não lhe faço uma visita
    Mas como agora apareceu um portador
    Mando notícias nessa fita
    Aqui na terra tão jogando futebol
    Tem muito samba, muito choro e rock'n'roll
    Uns dias chove, noutros dias bate sol
    Mas o que eu quero é lhe dizer que a coisa aqui tá preta
    Muita mutreta pra levar a situação
    Que a gente vai levando de teimoso e de pirraça
    E a gente vai tomando e também sem a cachaça
    Ninguém segura esse rojão
    Meu caro amigo eu não pretendo provocar
    Nem atiçar suas saudades
    Mas acontece que não posso me furtar
    A lhe contar as novidades
    Aqui na terra tão jogando futebol
    Tem muito samba, muito choro e rock'n'roll
    Uns dias chove, noutros dias bate sol
    Mas o que eu quero é lhe dizer que a coisa aqui tá preta
    É pirueta pra cavar o ganha-pão
    Que a gente vai cavando só de birra, só de sarro
    E a gente vai fumando que, também, sem um cigarro
    Ninguém segura esse rojão
    Meu caro amigo eu quis até telefonar
    Mas a tarifa não tem graça
    Eu ando aflito pra fazer você ficar
    A par de tudo que se passa
    Aqui na terra tão jogando futebol
    Tem muito samba, muito choro e rock'n'roll
    Uns dias chove, noutros dias bate sol
    Mas o que eu quero é lhe dizer que a coisa aqui tá preta
    Muita careta pra engolir a transação
    E a gente tá engolindo cada sapo no caminho
    E a gente vai se amando que, também, sem um carinho
    Ninguém segura esse rojão
    Meu caro amigo eu bem queria lhe escrever
    Mas o correio andou arisco
    Se me permitem, vou tentar lhe remeter
    Notícias frescas nesse disco
    Aqui na terra tão jogando futebol
    Tem muito samba, muito choro e rock'n'roll
    Uns dias chove, noutros dias bate sol
    Mas o que eu quero é lhe dizer que a coisa aqui tá preta
    A Marieta manda um beijo para os seus
    Um beijo na família, na Cecília e nas crianças
    O Francis aproveita pra também mandar lembranças
    A todo o pessoal
    Adeus..."

    Na Holanda, Suecia e EUA o massacre de civis por outros civis tambem nao e diferente. E a crise que nos sufoca a todos. Efeito colateral. Etc. e tal.

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  2. Outro episodio recente no Brasil:

    http://br.noticias.yahoo.com/homem-surta-esfaqueia-2-pessoas-av-paulista-20110412-034200-193.html

    panela de pressao...

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