De um editorial (muito belo, como que a chave do que se passa na Costa do Marfim) de Claude Imbert no Le Point.fr de hoje: "Costa do Marfim, filha querida da França, fez a sua felicidade em África. Torna-se hoje aí a sua maior dor. Não encontrareis a razão do desastre na queda final da casa Gbagbo. Último acto de uma tragédia anunciada! As suas duas molas estavam esticadas havia muito. Primeiro nesta relação tão estreita, tão "filial", da Costa do Marfim e da França, cujo romance se transforma numa tragédia. Por que maldição? Digamos que pela de Édipo! Porque tudo começa sob Houphouet-Boigny no "incesto" político da França e da Costa do Marfim, e tudo termina, sob Gbagbo, no parricídio. Quanto à outra mola do desastre, encontrá-la-eis na dissolução de uma nação herdada do padrão colonial, Babel dividida entre os seus povos por um Norte arenoso, pobre, muçulmano e um Sul verdejante, rico e cristão. Houphouët, Gbagbo, eis as duas figuras emblemáticas do drama! Houphouet - de Gaulle costa-marfinense - foi o grande mago de uma independência incubada no ventre de Paris, de uma "FrancÁfrica" donde ele inventou a natureza e o nome. Gbagbo, quarenta anos mais jovem, sonhava, ele, com uma independência se não hostil à França, pelo menos livre da sua tutela pós-colonial. A memória de Houphouet desvanece-se hoje em nostalgia. E Gbagbo, professor de história, vê a história deixar a sua biblioteca e lançá-lo aos pés de seu rival, um discípulo de Houphouet. Gbagbo, Édipo negro cegado e depois esmagado pelo seu destino!" (tradução minha). Continue a ler aqui. Para traduzir, aqui.
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