O décimo número desta série.
Escrevi no número inaugural que faz anos que jornais, blogues e redes sociais se povoam com os desmobilizados de guerra do nosso país. Regra geral, o tema está cheio de pronunciamentos, de condenações, de ameaças, de promessas de manifestações, de cancelamentos à última da hora, de acordos prometidos, de quase acordos, de acordos supostamente desfeitos, de acordos denunciados, uma real história de amor e ódio, de fidelidade e pecado. Creio que o mais recente relato está aqui.
Escrevi em número anterior que a guerra foi como que democratizada, que a história tem novos actores reconhecidos, que os desmobilizados de guerra de ontem são os mobilizados da história de hoje. Porém - acrescentei - resta um problema: o dos heróis.
Prossigo nesta complicada questão dos heróis. A Frelimo entende que apenas ela está em condições de produzir os heróis nacionais pois chegou primeiro à Nação, pois foi a criadora da Nação, pois tem a legitimidade da história. A Frelimo entende que qualquer produção fora desse perímetro é uma traição nacional, um atentado à história, à verdade. Por isso impugna violentamente a ousadia da Renamo, a desqualifica, a situa no campo da irracionalidade. Por sua vez, a Renamo, que disputa a gestão do Estado e se reclama da criação da democracia nacional, entende que tem também o direito de nacionalizar os seus heróis, de lhes dar um estatuto de legitimidade. Temos aí, então, uma nova guerra, desta vez não com AKs47, mas com heróis, uma guerra pela sua produção e pelo seu controlo.
Prossigo mais tarde.
Escrevi no número inaugural que faz anos que jornais, blogues e redes sociais se povoam com os desmobilizados de guerra do nosso país. Regra geral, o tema está cheio de pronunciamentos, de condenações, de ameaças, de promessas de manifestações, de cancelamentos à última da hora, de acordos prometidos, de quase acordos, de acordos supostamente desfeitos, de acordos denunciados, uma real história de amor e ódio, de fidelidade e pecado. Creio que o mais recente relato está aqui.
Escrevi em número anterior que a guerra foi como que democratizada, que a história tem novos actores reconhecidos, que os desmobilizados de guerra de ontem são os mobilizados da história de hoje. Porém - acrescentei - resta um problema: o dos heróis.
Prossigo nesta complicada questão dos heróis. A Frelimo entende que apenas ela está em condições de produzir os heróis nacionais pois chegou primeiro à Nação, pois foi a criadora da Nação, pois tem a legitimidade da história. A Frelimo entende que qualquer produção fora desse perímetro é uma traição nacional, um atentado à história, à verdade. Por isso impugna violentamente a ousadia da Renamo, a desqualifica, a situa no campo da irracionalidade. Por sua vez, a Renamo, que disputa a gestão do Estado e se reclama da criação da democracia nacional, entende que tem também o direito de nacionalizar os seus heróis, de lhes dar um estatuto de legitimidade. Temos aí, então, uma nova guerra, desta vez não com AKs47, mas com heróis, uma guerra pela sua produção e pelo seu controlo.
Prossigo mais tarde.
(continua)
Adenda: leia o que exigem os Naparamas, aqui.
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