Escrevi no número inaugural que faz anos que jornais, blogues e redes sociais se povoam com os desmobilizados de guerra do nosso país. Regra geral, o tema está cheio de pronunciamentos, de condenações, de ameaças, de promessas de manifestações, de cancelamentos à última da hora, de acordos prometidos, de quase acordos, de acordos supostamente desfeitos, de acordos denunciados, uma real história de amor e ódio, de fidelidade e pecado. Creio que o mais recente relato está aqui.
Escrevi no número anterior que a guerra foi como que democratizada, que a história tem novos actores reconhecidos, que os desmobilizados de guerra de ontem são os mobilizados da história de hoje. Porém - acrescentei - resta um problema: o dos heróis.
Prossigo esta delicada questão dos heróis. Os heróis existem em todo o lado e desde sempre. Somos produtores naturais de heróis, de hiper-eus nas diversas socializações pelas quais atravessamos a vida e a história. Os mais pequenos agrupamentos dispõem de heróis, de guias. Os heróis tanto podem habitar um lar, um grupo de famílias, uma rua, quanto uma prisão, tanto podem estar mortos quanto vivos e, estando mortos, estarem vivos.
Temos heróis de magnitude diferente. Um herói nacional dispõe, claro, de um peso de irradiação oficial bem maior de que aquele de que dispõe um herói do Xiquelene, dos meandros do crime ou das matas de uma guerrilha.
Prossigo mais tarde.
Parabenizar pela maneira brilhate de escrever sobre os herois, aguardo a continuidade.
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