Outros elos pessoais

05 março 2011

A luta política de barricadas interpretativas

O bater de asas sociais das revoltas no norte de África e do Médio Oriente vai repercutindo aqui e acolá via internet e celular, vai gerando também a luta política de barricadas interpretativas. Por exemplo, a informação digital tem dado conta de uma manifestação antigovernamental convocada anonimamente para o dia 7 (próxima segunda-feira) em Angola, via internet e celular, contra José Eduardo dos Santos, presidente do país há 32 anos. Ora, o "Notícias" de hoje reporta que o partido no poder em Angola apelou ao reforço da vigilância contra "indivíduos de má fé" e que "segundo a ANGOP, as estruturas do MPLA espalhadas pelo país anunciaram iniciativas de apoio e de agradecimento pelos esforços na manutenção da paz a José Eduardo dos Santos, sob a forma de passeatas, marchas e oncentrações." Mas uma fonte da oposição, citada pelo "Diário digital", surgiu dizendo que a projectada manifestação é um artifício do governo para proteger o regime e conduzir ao assassinato selectivo de adversários políticos. Enquanto isso, sugiro sigam o clima de intervenção e debate no Facebook, via Maka Angola do activista Rafael Marques de Morais, aqui.

4 comentários:

  1. Há quem se esforce para demonstrar que os ventos não sopram do norte e mesmo que soprem não passarao por esta parte de África. Grandes videntes! Mas o presidente Guebuza diz de frente as coisas!

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  2. 'E positiva a "abertura", do nosso pr, para o dialogo, 'e um "passinho" em frente,

    Desde de que nao seja "maquilhagem", pois um dialogo sem consideracao por propostas de solucoes, 'e quase um monologo e ate "maquilhagem",

    A descredibelidade ainda 'e continuada,

    Nada de concreto ainda foi feito, para que a melhoria do dialogo, resulte em consensos de utilidade pratica para a melhoria da situacao social, economica e politica do pais.

    E ja que demos "um passinho" em frente, vamos esperar que nao decidimos dar 3 passos pra traz, logo aseguir,

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  3. O PR não mentiu. Disse o que é real. O problema é que nem ele, nem o seu executivo fazem para evitar esta situação que, como disse um docente meu, "leve o tempo que levar, há-de fustigar a África-subsariana, visto que a pobreza e a corrupção aumentam de forma assustadora."

    Zicomo

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  4. Com efeito, ontem, a mancha branca do MPLA coloriu todas as cidades angolanas, acto que foi antecedido dois dias antes pela convocacao dos reservistas do exercito para reforcar o patrulhamento policial em todos centros urbanos, incluindo tanques de guerra, de acordo com o testemunho de alguns mocambicanos la residentes chegados no voo da LAM desta sexta-feira. Reforcado ainda com rumores de Luanda sobre a intercepcao recente pela marinha angolana de uma embarcacao com bandeira norte-americana, carregada de material belico diverso.

    Foi uma demonstracao da capacidade mobilizadora e regeneradora que aquele partido, de caracter marxista-leninista, ainda tem. Entre nos, podemos dizer com certo distanciamento que a FRELIMO com Guebuza e de facto um MPLA suave. Como esperado, com toda comunicacao social angolana a merce e ate a anuencia da Oposicao, o MPLA ressuscitou as agruras dos 40 anos de guerra sangrenta e ininterupta, que apenas terminou a escassos dez anos. Alias, quem puder, estude o fenomeno RNA/TPA, caso unico na area dos Mass Media. Unica estacao televisiva. Unica estacao radiofonica, de sinal aberto e a escala nacional. Nao ha contraditorio possivel. E estamos a falar de um pais, oficialmente plural, mas oficiosamente pouco diferente da Coreia do Norte.

    Mas nao se pense que os mentores da passeata anti-Zedu nao tem apoiantes. Tem-nos e muitos, inclusive nos da mancha de branco. Em termos sociologicos, foi uma excelente antevisao do que sucedera em Mocambique se algo identico for tentado.

    Ficou tambem evidente em Angola que a questao fracturante do Maghreb nao e a mesma da Africa sub-saariana. E ela distingue-se essencialmente nisto:

    1-No Maghreb, os impulsionadores sao jovens, curso superior, desempregado e com perspectivas de tomada do poder.

    2- Na Africa sub-saariana, os impulsionadores tem sido, jovens, de baixa instrucao, desempregados e com ambicoes de sobrevivencia.

    Ora isso e uma diferenca capital. Pois, enquanto aos primeiros nao basta a satisfacao das necessidades primarias sociais (saude, escola, habitacao e seguranca social). Aos segundos, isso seria mais do que o suficiente. Para ja.

    So que o problema angolano do modo que se apresenta, rapidamente evoluira para uma situacao identica a do Maghreb. Quem lancou o repto anti-Zedu desta vez, foi a classe media-alta Luandense. Portanto, sao contradicoes no proprio regime, que se empenha em ser dinastico. Eduardo dos Santos caminha para os 70 anos de idade, nao respira de boa saude, logo e tempo de se escolher um sucessor. E ate agora, em Luanda, tem-se visto somente o recurso ao "metodo" Kadhaffi de sucessao. Insuficiente e inedito, segundo os padroes historicos do proprio MPLA.

    Portanto, novos ventos soprarao muito em breve em Angola. Mas nao sera amanha, aposto.

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