Escrevi no número inaugural que faz anos que jornais, blogues e redes sociais se povoam com os desmobilizados de guerra do nosso país. Regra geral, o tema está cheio de pronunciamentos, de condenações, de ameaças, de promessas de manifestações, de cancelamentos à última da hora, de acordos prometidos, de quase acordos, de acordos supostamente desfeitos, de acordos denunciados, uma real história de amor e ódio, de fidelidade e pecado. Creio que o mais recente relato está aqui.
Mas o que é que está em jogo para além do que parece estar em jogo? Escrevi já que a primeira coisa que acontece é a fragmentação de uma concepção da história que fazia dos produtores da nação na luta armada de libertação nacional os únicos com direito ao futuro. Na verdade, a nível de Estado foi aceite a concepção de pluralidade de actores com direito ao futuro, quer dizer, com direito a pensões. Por outras palavras, a guerra foi como que democratizada, a história tem novos actores reconhecidos, os desmobilizados de guerra de ontem são os mobilizados da história de hoje. Porém, subsiste um problema: o dos heróis.
Talvez os antigos milicianos venham a ser contemplados.
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