Outros elos pessoais

06 fevereiro 2011

A cada um segundo as suas necessidades, a cada segundo o seu Samora (3)

Vamos lá então avançar um pouco nesta encruzilhada samoriana.
Perguntei-me e perguntei-vos, no número anterior, quantos prismas é possível adoptar no tocante a Samora Machel, ícone nacional este ano tornado modelo político. E perguntei-me e perguntei-vos por quê.
Deixarei de lado a leitura daltónica habitual - o bom e o mau, o redentor e o ditador, o nacionalista e o comunista -, para me permitir ter em conta três prismas post mortem: o compósito, o nacional útil e o social inconveniente. Por prisma compósito entendo aquele género habitual de enquadramento que atribui a Samora múltiplas coisas, entre virtudes e defeitos; por prisma nacional útil entendo aquele género de enquadramento que exalta o libertador nacional; por prisma social inconveniente entendo aquele género de enquadramento que salienta o transformador social.
Prossigo mais tarde (crédito da foto aqui).
(continua)

6 comentários:

  1. Prof.

    As suas análises estão se sofisticando cada dia que passa. O Prof. não estará a ter a mesma iluminação de Sócrates, Platão, etc.? Não estaremos perante um filósofo moçambicano?

    Quanto ao nosso marechal, a minha inquietação sobre as campanhas de reinvenção/ recriação deste ícone, está na possibilidade de Samora de Chilembene ter a mesma sorte que está a ter Jesus de Nazaré: uns usam-no para coleccionar tesouros na terra e outros como ponte para a vida eterna.

    ResponderEliminar
  2. Boa imagem a do Chimbutane, o tema do uso. Aguardo ansiosamente ver onde a série vai ter.

    ResponderEliminar
  3. "Os heróis moçambicanos não são, portanto, livres de descansarem nas suas tumbas quando em jogo está a sua recriação ou a sua reactivação política. Eles são duramente produzidos e reproduzidos. Por consequência, não há heróis em si. Mais: eles não existem, ao fim e ao cabo. O que foram ou o que são é o que queremos que eles sejam, no interior dos nossos interesses."
    - http://oficinadesociologia.blogspot.com/2007/08/o-conflito-na-produo-de-heris-em.html

    ResponderEliminar
  4. Hum não conhecia este trabalho sobre heróis!!!

    ResponderEliminar
  5. Já agora: "Se é o homem é a medida de todas as coisas, a política é a medida de todos os heróis." (na mesma série do Professor)

    ResponderEliminar
  6. Sobre o "transformador social",

    A concepcao do "Homem Novo", da Frelimo do Machel nao esteve errada, e continua valida como ideia, como solucao, para Identidade Mocambicana,

    O que esteve errado foi o metodo, que foi imposto, de forma violenta,

    E o erro a seguir, foi "abandonar" a ideia, quando bastava corrigi-lo no metodo, e o proprio Machel ao tentar a mudanca e "aceitar" a economia de mercado ou o PRE, estaria provavelmente a ensaiar a mudanca no metodo, do ponto vista economico, que poderia eventualmente ser gerido de forma diferente do ponto de vista politco.

    Retardamo-nos, ao abandonar a ideia, e hoje nem bem sabemos qual a nossa identidade e a nossa unidade se verifica na exclusao social, economica e politica, de nos mesmos, pra nos mesmos.

    ResponderEliminar

Seja bem-vinda (o) ao blogue "Diário de um sociólogo"! Por favor, sugira outras maneiras de analisar os fenómenos, corrija, dê pistas, indique portais, fontes, autores, etc. Não ofenda, não insulte, não ameace, não seja obsceno, não seja grosseiro, não seja arrogante, abdique dos ataques pessoais, de atentados ao bom nome, do diz-que-diz, de acusações não provadas e de generalizações abusivas, evite a propaganda, a frivolidade e a linguagem panfletária, não se desdobre em pseudónimos, no anonimato protector e provocador, não se apoie nos "perfis indisponíveis", nas perguntas mal-intencionadas, procure absolutamente identificar-se. Recuse o "ouvi dizer que..." ou "consta-me que..."Não serão tolerados comentários do tipo "A roubou o município", "B é corrupto", "O partido A está cheio de malandros", "Esta gente só sabe roubar". Serão rejeitados comentários e textos racistas, sexistas, xenófobos, etnicistas, homófobos e de intolerância religiosa. Será absolutamente recusado todo o tipo de apelos à violência. Quem quiser respostas a comentários ou quem quiser um esclarecimento, deve identificar-se plenamente, caso contrário não responderei nem esclarecerei. Fixe as regras do jogo: se você é livre de escrever o que quiser e quando quiser, eu sou livre de recusar a publicação; e se o comentário for publicado, não significa que estou de acordo com ele. Se estiver insatisfeito, boa ideia é você criar o seu blogue. Democraticamente: muito obrigado pela compreensão.