Outros elos pessoais

18 janeiro 2011

Sobre o exílio

Faz muito tempo, já, que o presidente da Renamo, Afonso Dhlakama, vive em Nampula. A esse propósito, é constante na nossa imprensa a referência ao exílio. Mais: é frequente, das mais variadas maneiras, argumentar que ele deixou de estar politicamente activo, que abandonou o seu partido. Por quê? Porque foi para Nampula.
Contudo, não são nem Dhlakama nem Renamo os focos do meu interesse, mas o fascinante tema do exílio. O grande problema está em sair de Maputo. É aqui onde, afinal, está o néon da alma decisória, onde está o coração de tudo - do digital ao escrito -, é aqui onde mora a sede do poder - aí compreendido o poder político -, onde residem as sedes diplomáticas e os caminhos doadores, é aqui onde estão enraízados os magnéticos deuses sommerschieldianos. Sair de Maputo é partir para a periferia, para o longe, para o sub, sair de Maputo é cortar o cordão umbilical da sensatez, é inexistir. Sair de Maputo é exilar-se, é abandonar o comando de tudo, é o fim de tudo. De facto, Maputo é um hábito cognitivo irremediável, um corpo anímico feérico que comanda o que analisamos e inferimos, mesmo com boa-vontade e inocência. Afinal, o que se pretende dizer é que o país acaba quando se sai de Maputo.
Um provérbio dos Camarões diz o seguinte: podemos curar uma doença, mas não curamos jamais um mau hábito.

Sem comentários:

Enviar um comentário

Seja bem-vinda (o) ao blogue "Diário de um sociólogo"! Por favor, sugira outras maneiras de analisar os fenómenos, corrija, dê pistas, indique portais, fontes, autores, etc. Não ofenda, não insulte, não ameace, não seja obsceno, não seja grosseiro, não seja arrogante, abdique dos ataques pessoais, de atentados ao bom nome, do diz-que-diz, de acusações não provadas e de generalizações abusivas, evite a propaganda, a frivolidade e a linguagem panfletária, não se desdobre em pseudónimos, no anonimato protector e provocador, não se apoie nos "perfis indisponíveis", nas perguntas mal-intencionadas, procure absolutamente identificar-se. Recuse o "ouvi dizer que..." ou "consta-me que..."Não serão tolerados comentários do tipo "A roubou o município", "B é corrupto", "O partido A está cheio de malandros", "Esta gente só sabe roubar". Serão rejeitados comentários e textos racistas, sexistas, xenófobos, etnicistas, homófobos e de intolerância religiosa. Será absolutamente recusado todo o tipo de apelos à violência. Quem quiser respostas a comentários ou quem quiser um esclarecimento, deve identificar-se plenamente, caso contrário não responderei nem esclarecerei. Fixe as regras do jogo: se você é livre de escrever o que quiser e quando quiser, eu sou livre de recusar a publicação; e se o comentário for publicado, não significa que estou de acordo com ele. Se estiver insatisfeito, boa ideia é você criar o seu blogue. Democraticamente: muito obrigado pela compreensão.