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01 janeiro 2011

Cólera e boato

Lenda urbana, boato ou rumor é "um relato anónimo, breve, com múltiplas variantes, de conteúdo surpreendente, contado como verdadeiro e recente num meio social do qual exprime de maneira simbólica os medos e as aspirações" (in Renard, Jean-Bruno, Rumeurs et légendes urbaines. Paris: PUF, 2006, 3.e éd, p.6). 
Segundo a Rádio Moçambique, o director de Saúde de Cabo Delgado afirmou que há pessoas a morrer de diarreias agudas e vómitos em alguns pontos da província devido ao que chamou "onda de desinformação". De acordo com o director, habitantes de Montepuez e Ancuabe afirmam que a cólera é uma doença trazida pelos serviços de saúde em concertação com os líderes comunitários, estando por isso contra a construção de centros de tratamento da doença e bloqueando as mensagens de prevenção e combate. Aqui. Recorde aqui e aqui.
Nota: há muitos anos que este problema perdura, apesar das campanhas de sensibilização. Entretanto, ontem como hoje, há duas perguntas a fazer: (1) por que razão uma crença objectivamente falsa é, porém, sentida como subjectivamente verdadeira? (2) por que razão a imputação coloca sistematicamente o acento causal em figuras governamentais e/ou ligadas a elites locais?
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2 comentários:

  1. ricardo1/1/11 5:40 da tarde

    Outra Vez?!

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  2. ricardo1/1/11 11:05 da tarde

    Tentando responder as duas questoes...

    1- A vida do Homem sempre foi sustentada em crencas desde a idade da pedra. Sem elas, o mundo seria cinzento. Inclusivamente, NOS, seres do sec. XXI nao vivemos sem elas. Inclusive os ateus, que creem neles proprios inspirados naqueles que a eles se assemelham. Questao: na mitologia local, havera alguma similitude entre a figura dos homens de bata de branca e algum espirito demoniaco do tipo "chupacabara" ou chupa-sangue?

    2-Se Carlos Cardoso fosse vivo diria: trata-se de uma catarse colectiva ditada pelo acaso da oportunidade.

    E mais nao sei.

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