Outros elos pessoais

15 novembro 2010

Graça, Marcelino e Rebelo: a frente crítica (17)

Mais um pouco da série.
A frente crítica aqui em questão é formada por pessoas portadoras de horizonte utópico (no sentido de Melchior Mbonimpa), pessoas crentes de que é preciso ir para além do que o pedagogo brasileiro Paulo Freire chamou acções-aspirina, aquelas acções “cujo pressuposto fundamental é a ilusão de que é possível transformar o coração dos homens e das mulheres deixando intactas as estruturas sociais dentro das quais o coração não pode ter “saúde" (in “A mensagem de Paulo Freire e a prática da libertação”).
Os três membros da frente crítica – Graça Machel, Marcelino dos Santos e Jorge Rebelo – são utópicos no sentido de Mannheim e virados para o horizonte utópico no sentido de Mbonimpa: desejam ver um social diferente e por isso continuam a “nadar” em direção à “bola” do futuro.
São – diversamente que seja - herdeiros da epistemologia de Mondlane e de Samora.
Como utópicos, geram inquietações nos ideólogos (atenho-me à classificação de Mannheim), naqueles que pretendem inalterada a medula do actual sistema de relações sociais.
Estamos perante uma luta entre dois tipos de mentalidade.
(continua)

3 comentários:

  1. Sempre tive a percepcao que eram eles os ideologos, e nao utopicos, alias eles sao "publicitados" pelo partido deles como ideologos, dai tambem a minha antipatia pelo Marcelino, ele 'e apresentado como pai dessa "ideologia" que exclui,

    Foi tambem por isso que afirmei que era hora perfeita para uma ideologia e uma nova utopia, numa deles mudarem a presente ideologia deles, "cristalizada" no partido deles, e adotarem uma nova ideologia nova mais democratica e inclusiva,

    Nessa ordem de ideias, se eles sao mesmo utopicos, eles tem que clarificar posicoes e abrir espacos,

    De maneira que a sociedade passe tambem a ter um hirizonte utopico e que nade tambem em direccao a "bola" do futuro,

    Nao podem ser utopicos e nao permitir espacos, nao criar condicoes pra construcao dum futuro,

    A nao ser que a utopia deles seja um comunismo do jeito que era antes, mas se 'e uma utopia socialista democratica, entao so pode ser possivel com inclusao, e distribuicao de opurtunidades por merito, independentemente da diferenca de pensamento e preferencias partidarias.

    Vou esperar pra ver, eu confio no Professor, mas no caso deles, so vendo pra acreditar, e se forem mesmo utopicos, socialistas democraticos, entao eu vou apoia-los mesmo, sem stress, podemos unir esforcos, e vamos juntos comecar a construir a utopia.

    "wherever there is a will, there is a way."

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  2. A Geração da Utopia

    A obra foi escrita em 4 partes, que se passam em períodos de dez anos.

    Uma primeira parte em 1961 com o início da luta armada. Uma segunda parte em 1972, escrita na Frente Leste e sobre a guerrilha. O Polvo é a terceira parte, passa-se nos anos 80 e a última parte e passa-se nos anos 91-92, já depois dos acordos de Bicesse.

    A Geração da utopia é um livro de desencanto. Voltamos a ter um livro de história na medida em que retrata épocas e que conta a História da geração que fez a luta de libertação pelo MPLA.

    O primeiro capítulo é A Casa e segue o percurso dessa geração que veio para Lisboa estudar, que esteve na Casa dos Estudantes do Império, da casa partiram para a guerrilha e regressaram a Angola. O livro é a desconstrução desse mito da Utopia, quase de morte da esperança.

    Nesta obra de Pepetela vemos abordado o problema da religião e o retorno à igreja de um povo que desespera, que desacredita. A religião como busca de força psicológica.

    "È um livro para dizer que o processo não foi tão linear como algumas pessoas ainda querem fazer crer, os problemas já estavam no passado". - Pepetela.

    Pois, pois. O que nos faz falta mesmo e um PEPETELA e nao uma TROIKA utopica!!!

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  3. A trama do livro de Pepetela (que possuo e já foi referido neste diário) nada tem a ver com a busca da "bola" lançada ao rio. E nenhum dos membros da frente tem algo a ver com Elias Mugombe.

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