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01 outubro 2010

Os Moçambicanos são preguiçosos? (14)

"Deus chama cada um para uma vocação cujo objetivo é a glorificação de Deus. O pobre é suspeito de preguiça, a qual é uma injúria para com Deus" - João Calvino
Mais um pouco da série, com mais algumas hipóteses.
Escrevi no número anterior o seguinte: que de 2005 a esta parte começou a segunda etapa da acumulação de Capital, uma etapa que considerei diagonal de dois períodos, ostentando o rosto da democracia formal colhido no chissanismo neo-liberal, mas aspirando ao domínio completo do tipo samoriano, designadamente a dois níveis: económico e político.
E acrescentei que era nesse contexto de transição, de limbo - no qual se exalta publicamente o direito de os Moçambicanos serem ricos -, que o recurso sistemático à etiqueta "preguiça" podia ser compreendido.
Efectivamente, agora não mais é a etapa púdica da acumulação: é a etapa pública, visível, exposta, sem rebuços. O Capital quer rendimento e ganho sistemático, o trabalhador deve trabalhar, independentemente do que ganha e do como pode sustentar-se e reproduzir-se. O apelo em favor da Nação trabalhadora encobre o apelo laboral em favor da mais-valia do Capital. Voltarei ao tema.
(continua)
Adenda às 8:33: fazendo fé no "Canal de Moçambique" de hoje, o Sr. Fernando Mazanga da Renamo é um criador de grandes princípios causais. Segundo ele, o presidente da República e da Frelimo, Armando Guebuza, tem 25 empresas graças à luta da Renamo. A teoria de Mazanga: "A Renamo libertou a própria Frelimo e criou condições para o enriquecimento de cidadãos moçambicanos através de meios próprios”. 
à(s)

5 comentários:

  1. Carlos Serra1/10/10 6:27 da manhã

    Por razão que ignoro, a plataforma bloger não aceitou publicar o comentário abaixo, de um anónimo,pelo que usei este mecanismo para o divulgar:

    "Anónimo deixou um novo comentário na sua mensagem "Os Moçambicanos são preguiçosos? (13)":

    Professor,
    Se a ser trabalhador se aprende e se ensina, porque nós temos que pensar que não se pode aprender a ser preguiçoso (trabalhar pouco e aumentar os momentos de lazer) que até é um objectivo da vida moderna? Se é dificil ensinar a trabalhar, porque não poderia o contrario (facil ensinar a não trabalhar) ser verdadeiro? Veja bem que a nossa escola, no ensino primário, ensina aos alunos a estar presentes e a trabalhar apenas 3,5 horas por dia, a perto de 170 dias de aulas por ano, quando a Primeira Dama, o Governador, o Primeiro Secretario Nacional, Provincial ou Distrital do Partido (qual???) o Administrador, o Director Provincial não visitam a escola, sem contar com os feriados oficiais e nao oficiais e outros dias festivos como os da crianca e do professor, do municipio, etc. Passamos mais tempo a avaliar que a ensinar... O nosso tempo lectivo é o mais curto de toda a Africa Austral para os alunos. Isto nao é ensinar a nao trabalhar muito?
    Eu nao quero aqui a enunciar culpados, entenda-se, mas, convenhamos que isto nao ajuda a aprender a trabalhar, em minha opinião...
    Manuel"

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  2. V. Dias1/10/10 1:45 da tarde

    Isto é verdade...

    Mazanga disse a verdade. Entretanto o seu líder murcha na 'rua das Flores'.

    Zicomo

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  3. umBhalane1/10/10 6:47 da tarde

    É carnaval, e ninguém leva a mal.

    E o circo continua...

    mas gostei daquela do enriquecimento com meios próprios, LOllllllllll!!!

    Gente bem humorada, "afinale".

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  4. Anónimo1/10/10 8:50 da tarde

    Mesmo os que hoje tem muito dinheiro em Moçambique e na sua maioria não é porque trabalharam muito, salvo raras e muito honrosas excepções, mas sim porque tiveram acesso à melhor informação, estiveram mais proximo do bolo, e outras coisas mais. Por isso, tem isso mesmo, dinheiro e nao capital produtivo. Alguns tem casas que apenas produzem rendas, mas poucos moçambicanos têm capital que produz algo. Assim as nossas riquezas nao podem resistir muito ao tempo, sobretudo quando estamos fora dos nossos postos de trabalho. Alguns dos nossos ricos, nao deixam o tacho... porque de outra forma eles ficam sem nada... Vejamos que deixam o Ministério, ficam deputados, com participações em empresas onde somente recebem dividendos... Nao ficam nas suas empresas a geri-las... É sempre mais facil ficar deputado...
    Eu acho que seria interessante verificar quantos dos nossos ricos estam a tempo inteiro a trabalhar nas suas empresas "de sucesso".
    Cpts
    Manuel

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  5. ricardo2/10/10 7:12 da tarde

    Tautologias.

    Uma das afirmacoes mais importantes e consistentes produzidas pelo maior partido da oposicao desde 1994, quase 16 anos depois de se ter dado publicamente a conhecer.

    Tao evidente, quanto dizer que o ceu e azul...E o que eu digo, bem pode ir de ferias, pois nao faz mais ca falta nenhuma.

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