"Deus chama cada um para uma vocação cujo objetivo é a glorificação de Deus. O pobre é suspeito de preguiça, a qual é uma injúria para com Deus" - João Calvino
Mais um pouco da série.Escrevi no número anterior que podíamos, de forma muito preliminar, considerar três fases na maneira como o trabalho e os trabalhadores são concebidos no discurso oficial: a fase revolucionária, a primeira fase de acumulação de Capital e a segunda fase de acumulação de Capital.
Na era revolucionária, grosso modo 1975/1980-1986, os Moçambicanos (melhor: as "massas operário-camponesas") não eram considerados responsáveis pelos males ("vícios", vocábulo muito usado na era samoriana) herdados, eram apenas consequência, vítimas multidimensionais do colonialismo. A preguiça era um dos vícios, mas o seu uso não foi sistemático no discurso oficial. E quando se fez uso do epíteto, foi sempre no sentido político mais imediato, por exemplo enquanto postura do inimigo da revolução. Havia outros tipos de inimigos e de vícios (parasitismo, por exemplo) mais pujantes na linguagem revolucionária e no afã de fazer nascer o desenvolvimento e o homem novo de um novo tipo de sociedade.
(continua)
Sem comentários:
Enviar um comentário
Seja bem-vinda (o) ao blogue "Diário de um sociólogo"! Por favor, sugira outras maneiras de analisar os fenómenos, corrija, dê pistas, indique portais, fontes, autores, etc. Não ofenda, não insulte, não ameace, não seja obsceno, não seja grosseiro, não seja arrogante, abdique dos ataques pessoais, de atentados ao bom nome, do diz-que-diz, de acusações não provadas e de generalizações abusivas, evite a propaganda, a frivolidade e a linguagem panfletária, não se desdobre em pseudónimos, no anonimato protector e provocador, não se apoie nos "perfis indisponíveis", nas perguntas mal-intencionadas, procure absolutamente identificar-se. Recuse o "ouvi dizer que..." ou "consta-me que..."Não serão tolerados comentários do tipo "A roubou o município", "B é corrupto", "O partido A está cheio de malandros", "Esta gente só sabe roubar". Serão rejeitados comentários e textos racistas, sexistas, xenófobos, etnicistas, homófobos e de intolerância religiosa. Será absolutamente recusado todo o tipo de apelos à violência. Quem quiser respostas a comentários ou quem quiser um esclarecimento, deve identificar-se plenamente, caso contrário não responderei nem esclarecerei. Fixe as regras do jogo: se você é livre de escrever o que quiser e quando quiser, eu sou livre de recusar a publicação; e se o comentário for publicado, não significa que estou de acordo com ele. Se estiver insatisfeito, boa ideia é você criar o seu blogue. Democraticamente: muito obrigado pela compreensão.