
Mais um pouco desta nova série, mais algumas ideias, na margem do início, próxima sexta-feira, do mundial de futebol.
Toda a história da humanidade tem sido um processo difícil de controlo dos instintos, de ritualização da violência, de amortecimento digamos que das pulsões agressivas armazenadas em nós (talvez isso seja a matriz do que entendemos por cultura).
A domesticação da violência faz-se por laboriosos processos de catarse, de "descarga purificante", de redução da carga lesiva mediante mecanismos e cerimónias de substituição, amortecimento ou apaziguamento (nos contactos diários: o cumprimento, o sorriso, os abraços, os beijos, as palavras de boa recepção, o vestuário cobrindo a nossa nudez ameaçadora, os muitos sons de aquiescência e partilha, etc.).
Ora, o desporto é uma forma ritualizada de violência, amputada do seu potencial de destruição através de regras severas, culturalmente partilhadas, de inúmeras cerimónias de apaziguamento. No caso do futebol, é todo um extraordinário corpo de preparação, de ritualização, de execução e de controlo.
(continua)
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