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Escrevendo para o rei português em 1648, o então capitão de Sena, Francisco Figueira de Almeida, afirmou que no antigo Império de Muenemutapua (ou Mwenemutapwa ou Munhumutapwa, como queiram, escolhei a grafia; expressão de uso popular: Império Monomotapa) - com sede no actual Zimbabwe e apanhando o centro do nosso país -, as povoações (muzindas) tinham chefes chamados fumos ou encosses, todos dependentes de um mambo.
Os fumos eram eleitos entre os que mais posses tinham localmente. O seu reinado durava enquanto tivessem com que gastar com a comunidade. Eram obrigados a tudo gastar: comida, pombe, jóias, tecidos, etc. Quando nada mais lhes restasse, eram distituídos e passavam a pertencer ao grupo dos grandes por mérito, com direito ao uso de um chapéu de palha e de um bordão.
Fonte: Almeida, Francisco Figueira de, Carta q Franc.co Figr.ª de Almeida, Capitam de Sena, esvreeuo ao Governador Dom Nunes de Alues, dando lhe conta do q hia obrando, acerca da guerra, in Gomes, Antonio, Viagem q fez o Padre Ant.º Gomes, da Comp.ª de Jesus, ao Imperio de de (sic) Manomotapa: e assistencia q fez nas ditas terras de Alg´us annos (séc. XVII), 3, 1959, separata, p. 205.
Imaginai se a história se repetisse e se os chefes actuais, certamente de bem mais posses que os fumos, fossem obrigados a inscrever-se na regras seiscentistas das antigas muzindas.
Caro, prof. Uma especie de potlach?
ResponderEliminarCumprimentos
Carlos Bavo
Ontem como hoje, em meio rural a desigualdade social é olhada com suspeição. A crença é a de que o enriquecimento só pode ser conseguido à custa de outrem, com recurso, por exemplo, à magia. Creio ser essa a base de muitas das crenças que aparecem disfarçadas de irracionalidade, que nos surgem aberrantes, como não fazendo sentido.
ResponderEliminarcaro prof.,
ResponderEliminara meu ver, hoje seria praticamente impossível proceder de acordo com as regras seiscentistas, porque: i) mais do que crença - como prof. afirma no comentário anterior - a realidade tem nos mostrado que os ricos de hoje (na sua maioria) têm no sido à custa dos outros (não através da magia), mas sim à custa do erário público; ii) os chefes de hoje (na sua maioria) chegam ao poder menos ricos e saem de lá quase que rebentados de riqueza (sumptuosas mansões, luxuosas viaturas, chorudas contas bancárias, etc), portanto, a ser possível o regresso ao seiscentismo, nos dias de hoje, tal seria simplesmente um acto de devolução das fortunas públicas outrora roubadas pelos chefes ao resto da sociedade a que eram supostos servir.
abraço,
thomas selemane
Mas creio que de evz em quando vale a pena recordar a história...Abraço.
ResponderEliminarSim. Vale a pena recordar a história. Concordo. "Não vamos esquecer o tempo que passou!" Não era (ou ainda é) assim???
ResponderEliminarAbraço,
Thomas