Regresso da chibatada/chicotada?

Segundo o "Canal de Moçambique" de hoje, em trabalho do jornalista Borges Nhamirre, nas zonas recônditas da província de Inhambane, onde é difícil encontrar postos policiais, "as autoridades tradicionais locais, em parceria com os secretários das povoações, estão a reinstituir a aplicação de chibatadas, como penalização a indivíduos acusados de praticar actos localmente considerados criminosos e/ou imorais, desdsa forma fazendo o país voltar à prática da tortura."(p. 3). São referenciadas sete povoações no distrito de Massinga. O comandante provincial da polícia, Alfredo Mussa, "reconhece a prática e dela atribui total responsabilidade às autoridades tradicionais das povoações" (idem).

Pergunta: o que opinam os leitores sobre este quadro traçado por Borges Nhamirre?

Adenda às 10:13: na página 7 da mesma edição, Nhamirre tem um artigo de opinião intitulado "A (in) territorialidade de Moçambique", baseado na estadia que, em Inhambane, lhe permitiu estudar o fenómeno referido em epígrafe. Resumo do artigo: cada vez que nos afastamos cerca de 50 quilómetros de uma vila sede distrital, "o Estado deixa de existir", as leis são locais, a pobreza é local, lá ninguém ouviu falar em revolução verde, em agricultura mecanizada. Em Pomene, por exemplo, "não há polícia, tribunal, Procuradoria da República, estrada, hospital, escola, transporte, posto de registo civil". Só por duas vezes o Estado chega ao recôndito: com a Rádio Moçambique captada à noite e com os períodos eleitorais.