Outros elos pessoais

07 janeiro 2010

Renamo e o jogo de soma não-zero

O dia de tomada de posse dos deputados da Assembleia da República aproxima-se, é já na próxima terça-feira, dia 12. E, em vários sectores, existe uma enorme expectativa em saber se os 51 deputados da Renamo irão tomar posse.
Correm apelos ao patriotismo, à cidadania, ao respeito pelos desejos do povo, à aceitação das regras do jogo win-win, à lhaneza comportamental.
Porém, o que está em causa na postura da Renamo de protesto contra os resultados das eleições de 28 de Outubro é uma coisa banal, banalíssima, é a exigência de partilha de poder, um protesto contra o jogo político de soma-zero, uma exigência de um outro tipo de jogo, o da soma não-zero.
Efectivamente, contra o jogo no qual o que um jogador ganha é directamente proporcional ao que o outro ou outros perde (m), a Renamo exige um jogo em que todos ganhem.
Provavelmente desta vez os jogadores da Renamo não tomarão mesmo posse. Se não tomarem posse, poderemos enfrentar no país uma situação política nova de contornos por agora imprevisíveis.
Adenda: uma questão perversa: se, por ironia do destino, o negociador do jogo político malgaxe, Joaquim Chissano, tivesse de arbitrar o jogo local, como procederia?

Adenda 2 às 7:54: o semanário "Zambeze" desta semana exibe como manchete um trabalho no qual assegura (citando uma fonte não identificada da Renamo) que Afonso Dhlakama já não está na casa em Nampula vigiada pela segurança do Estado. Porém, o delegado político da Renamo em Nampula, Arnaldo Chalaua, surge no mesmo trabalho a dizer que Dhlakama nunca saiu da casa (p. 2). Antetítulo da peça: "Com cerco continuado na sua residência"; título: "Dhlakama deixa PRM e SISE sem pistas do seu paradeiro".
Adenda 3 às 8:22: Noé Nhantumbo tem um trabalho no "Canal de Moçambique" online de hoje com o título "Hastear bandeiras é equivalente a prisão?...", aqui.
Adenda 4 às 9:01: confira a notícia com a imagem à esquerda, aqui.

1 comentário:

  1. Perversa ironia se fosse Andry Rajoelina a negociar, isto é, a dar "música".

    Isto tudo, tudo isto, é para levar a sério??? - meu esquema mental, claro.

    Mas Samora dizia: Voçês, os brancos, não percebem nada de política africana (Almeida Santos)

    Eu percebo, entendo,...um pouquito...mas desconsigo aceitar!

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