"Gostava muito ver em particular uma bela floresta nativa logo depois da fronteira entre Sanga e Lago. Havia acácias, Massukos (árvores de frutos), com altura de 15m pelo menos. Muitas canções de pássaros. Enfim, representava a minha ideia de como era a província antes de muito desmatamento para agricultura e lenha. (...) Só que esta vez, ao meu espanto e horror, vi que tinha sido derrubada e destruida. Devastada. Vi uma plataform da empresa que cometeu o crime: chama-se “Chikweti” (que quer dizer “Riqueza”). Chikweti pretende plantar linhas e linhas de pinheiros encima da defuncta floresta nativa. Para depois produzir polpa para papel. Já deu para ver os viveiros a sair do chão, a sair dos rastos de destruição da floresta nativa. (Há poucas coisas no mundo natural tão medonhas como uma floresta chacinada.)".
Sonhadores, os sociólogos sempre procuraram duas coisas: as leis do social e a reforma das sociedades. Cá por mim busco bem pouco: tirar a casca dos fenómenos e tentar perceber a alma dos gomos sociais sem esquecer que o mais difícil é compreender a casca. Aqui encontrareis um pouco de tudo: sociologia (em especial uma sociologia de intervenção rápida), filosofia, dia-a-dia, profundidade, superficialidade, ironia, poesia, fragilidade, força, mito, desnudamento de mitos, emoção e razão.
Outros elos pessoais
07 janeiro 2010
"O Lago e a (ex) floresta"
"Gostava muito ver em particular uma bela floresta nativa logo depois da fronteira entre Sanga e Lago. Havia acácias, Massukos (árvores de frutos), com altura de 15m pelo menos. Muitas canções de pássaros. Enfim, representava a minha ideia de como era a província antes de muito desmatamento para agricultura e lenha. (...) Só que esta vez, ao meu espanto e horror, vi que tinha sido derrubada e destruida. Devastada. Vi uma plataform da empresa que cometeu o crime: chama-se “Chikweti” (que quer dizer “Riqueza”). Chikweti pretende plantar linhas e linhas de pinheiros encima da defuncta floresta nativa. Para depois produzir polpa para papel. Já deu para ver os viveiros a sair do chão, a sair dos rastos de destruição da floresta nativa. (Há poucas coisas no mundo natural tão medonhas como uma floresta chacinada.)".
4 comentários:
Seja bem-vinda (o) ao blogue "Diário de um sociólogo"! Por favor, sugira outras maneiras de analisar os fenómenos, corrija, dê pistas, indique portais, fontes, autores, etc. Não ofenda, não insulte, não ameace, não seja obsceno, não seja grosseiro, não seja arrogante, abdique dos ataques pessoais, de atentados ao bom nome, do diz-que-diz, de acusações não provadas e de generalizações abusivas, evite a propaganda, a frivolidade e a linguagem panfletária, não se desdobre em pseudónimos, no anonimato protector e provocador, não se apoie nos "perfis indisponíveis", nas perguntas mal-intencionadas, procure absolutamente identificar-se. Recuse o "ouvi dizer que..." ou "consta-me que..."Não serão tolerados comentários do tipo "A roubou o município", "B é corrupto", "O partido A está cheio de malandros", "Esta gente só sabe roubar". Serão rejeitados comentários e textos racistas, sexistas, xenófobos, etnicistas, homófobos e de intolerância religiosa. Será absolutamente recusado todo o tipo de apelos à violência. Quem quiser respostas a comentários ou quem quiser um esclarecimento, deve identificar-se plenamente, caso contrário não responderei nem esclarecerei. Fixe as regras do jogo: se você é livre de escrever o que quiser e quando quiser, eu sou livre de recusar a publicação; e se o comentário for publicado, não significa que estou de acordo com ele. Se estiver insatisfeito, boa ideia é você criar o seu blogue. Democraticamente: muito obrigado pela compreensão.
Faz arrepiar de dor, sabe?
ResponderEliminarhavia acácias, massukos e outras riquezas/chikweies de se verem, mas Niassa continuou a ser a província mais pobre e empobrecida de Mocambique. Depois vieram os outros chikweies destruidores dessas belezas naturais, os chikwetis plantadores de pinheiros e criaram muitos postos de trabalhos para as populacões locais. Niassa viu crescer o número de biscicletas que naquele ponto do país constituem os mais importantes meios de transporte. aquilo que era horror para mim mudou-se para um sorriso de esperanca.
ResponderEliminarA biscicleta passou a ser o meio de transporte vulgar; os comerciantes que possuiam biscicletas trocaram-nas por motorizadas (made in china, mas mais eficientes do que as bicicletas) e os mais sucedidos no seu negócio, ja podem comprar "dubaizinhos", carros em segunda ou terceira mão comprados na Tanzania, mas importados do Dubai.
E em que ficamos? na beleza natural ou na pobreza absoluta? qual é a superfície destruída para plantar pinheiros no Niassa? ou só desbravaram a mata ao logo da estrada do Lago?
em que ficamos?
Uma pergunta ao Professor: como ainda consegue o milegre de ter tempo para mais esta descoberta?
ResponderEliminarMas passemos adiante. Até consigo entender o anónimo. Muitas vezes o "progresso económico" sacrifica muitas outras coisas. Mas há que ser realista. Queremos bem estar para nós e a destruição do futuro?
Onde ficamos? É o agora, já! ou...o amanhã? Vamos a fazer escolhas racionais.
Não precisamos de ficar estagnados no tempo e na pobreza.Mas SAIBAMOS fazer as escolhas correctas.
Quantas vezes o Professor escreveu aqui sobre a destruicão das nossas florestas ou do roubo das nossas madeiras? "Florestas" é um tema muito quente e não admiro a dedicacão do Professor na busca destas descobertas.
ResponderEliminarComeco assim: Naquele tempo de há muito tempo, havia no Niassa os chamados projectos de grandee extensões, nomeadamente: Projecto Matama, 400 mil hectares, Unango, Macaloge e por aí fora. Pra Niassa foram criados campos de reeducacão e os reeducandos trabalhavam nestes projectos. Mais tarde chegaram os chamados "improdutivos" para reforcar a mão-de-obra, pois Niassa era o exemplo na luta contra a fome e a miséria e do Niassa ia o milho, o feijao e a batata pra todo o país. Depois veio a guerra civil e destruiu tudo. Veio a Paz e anitos a seguir, vimos chegar ao Niassa os chamados "farmeiros brancos" vindos da Africa do Sul; quantos destes ainda estão lá? 0! Mas o Niassa continuou a caminhar a passos de camaleão e existem hoje 3 grandes projectos de reflorestamento e Chikweti é um dos.
A Paz também trouxe outros "problemas", pois permitiu o crescimento dos pequenos negócios e a destruicão das nossas florestas para fins de producão da madeira usada nas construcões e do carvão vegetal é uma realidade naquele ponto de Mocambique. Daí, os novos projectos de reflorestamento e o actual dilema: aproveitamento equilibrado dos recursos e conservacão da natureza ou sacrifío da beleza natural em prol do desenvolvimento económico?
Onde é que ficamos? Vamos fazer escolhas racionais? claro que sim, mas é preciso passar esse discurso os nossos dirigentes, pois são eles que tomam as decisões. Para alguns, é importante criar esses postos de trabalhos e, para outros, falar de plantacão de árvores é coisa que vai produzir efeitos daqui ha 50 anos, é muito tempo para quem vive ameacado pelo HIV ou simplesmente a malária.
Faz o Chikweti o reflorestamento ou a destruicão da floresta no Niassa?