Outros elos pessoais

23 janeiro 2010

O duplo constrangimento de Ivone (4)

Termino esta série.
Escrevi assim no número anterior: "Duplo constrangimento de Ivone - prisioneira de duas coisas, refém das tenazes da vida. Obedecer ou desobedecer? Ser célula de um partido ou ser célula de si? - o dilema de muitos, afinal."
Efectivamente, esse é o dilema de muitos militantes de partidos. Onde podemos observar isso? Podemos observar isso, por exemplo, na Assembleia da República. Aqui, confrontados com os adversários do Partido A, militantes do Partido B (ou vice-versa) surgem dizendo não aquilo que seria razoável dizer, mas aquilo que o partido impõe (instintintavamente impõe) que seja dito na luta e na demonização do adversário.
No caso de Ivone, como no caso de outros, houve a fractura com a disciplina partidária e, em particular, com o Grande Chefe do partido. Seja quais forem as causas, essa fractura aconteceu (aliás, isso parece ser uma constante na história da Renamo desde o ano passado, a cissiparidade política) e certamente Ivone deve estar constrangida: agarrou nas asas da liberdade sem ter perdido as da fidelidade. Mas essa contradição não evacua aquilo que nela, como em outros, é luta pelo poder político.
Adenda: esta série deu origem a muitos e anónimos comentários. E creio que uma parte significativa desses comentários vem de gente da Renamo, de gente que parece conhecer um pouco o interior das lutas e das ambições do partido. Finalmente: a propósito de comentários, sugiro a releitura das regras pelas quais devem pautar-se as pessoas que desejam deixar algo delas neste diário
.
(fim)

4 comentários:

  1. Formaram-se as comissões parlamentares e indicaram-se os chefes na Assembleia da República. Surpresa minha é que o 2o vice-presidente da AR indicado pela Renamo é Viana Magalhães e José Manteigas, Luís Gouveia, Leopoldo Ernesto são relatores de algumas comissões. Entretanto, estes deputados foram dos que tomaram a posse no dia 12 do corrente. Então, quem assinou a carta sobre a constituicão da bancada e as respectivas chefias? Não terá sido o presidente da Renamo, Afonso Dhlakama? Ou houve também uma traicão e podemos interpretar que Afonso Dhlakama está totalmente desligado aos deputados da Renamo?

    Uma coisa, posso em parte concordar com a Zenaida que Afonso Dhlakama tenha recomendado a tomarem posse da maneira que fizeram. Entretanto, ainda me questiono que sendo assim, se ele teria reflectido sobre o sinal que dá no partido em relacão a sua figura. Por outro lado, quero acreditar que os deputados da Renamo serão dos mais livres da disciplina partidária. Será?

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  2. Nao houve insultos!
    Houve críticas.
    As criticas, boas ou más, sao para ser ditas.

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  3. Caro Reflectindo,

    Sinceramente pasma-me a sua recente "inocencia" relativamente a Renamo. Acreditou mesmo que a tomada de posse dos ultimos deputados da Renamo tinha sido à revelia do líder? Acreditou mesmo que aqueles senhores estavam finalmente com a razão e que deveria faze-lo,mesmo indo contra a disciplina partidária? Por acaso o meu amigo acha que o Dhlakama ainda reflecte sobre os seus actos? Já fez tantas, já disse tanto, porquê acreditar nisso agora? Não sejamos ingenuos, está na hora de abrirmos os olhos e não permitirmos que continuem a brincar connosco como sempre fizeram. Devemos exigir dos nossos politicos posições e atitudes que nos levem a mudar a nossa situação actual.Essa mudança só virá quando nós os populares formos menos tolerantes com as coisas menos boas e sermos mais exigentes para as boas. Façamos a nossa parte com consciencia. E amizades á parte!

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